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Álcool pode ser mais nocivo ao coração do que se pensava

Álcool pode ser mais nocivo ao coração do que se pensava

Pesquisa irlandesa defende que países devem estabelecer limites mais baixos de ingestão segura de álcool

Uma pesquisa apresentada no congresso científico da Sociedade Europeia de Cardiologia, chamado Heart Failure 2022, concluiu que os níveis de consumo de álcool considerados seguros por alguns países estão ligados ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca.

O estudo incluiu 744 adultos com mais de 40 anos de idade em risco de desenvolver insuficiência cardíaca devido a fatores como hipertensão arterial, diabetes, obesidade, ou com uma pré insuficiência cardíaca assintomática. A média de idade dos adultos analisados foi de 66,5 anos e 53% eram mulheres.

“Este estudo acrescenta ao corpo de evidências que é necessária uma abordagem mais cautelosa ao consumo de álcool”, disse a autora do estudo, Dra. Bethany Wong, do St. Vincent’s University Hospital, em Dublin, na Irlanda, em comunicado. “Para minimizar o risco de o álcool causar danos ao coração, se você ainda não bebe, não comece. Se você beber, limite seu consumo semanal a menos de uma garrafa de vinho ou menos de três latas e meia de 500 ml de cerveja a 4,5%.”

O estudo concluiu que os níveis de consumo de álcool  estão ligados ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca (Foto: Jesse Orrico/ Unsplash)
O estudo concluiu que os níveis de consumo de álcool estão ligados ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca (Foto: Jesse Orrico/ Unsplash)

Os participantes foram categorizados de acordo com sua ingestão semanal de álcool: de nenhuma e baixa (até uma garrafa de 750 ml de vinho 12,5% ou três latas e meia de 500 ml de cerveja 4,5%) a alta (mais de duas garrafas de vinho 12,5% ou sete latas de 500 ml de cerveja 4,5%).

A função cardíaca foi medida com ecocardiografia durante toda a pesquisa e levou em conta agentes que podem afetar a estrutura do coração, incluindo idade, sexo, obesidade, pressão alta, diabetes e doenças vasculares.

A análise da associação entre o uso de álcool e a saúde do coração ocorreu ao longo de uma média de 5,4 anos. No grupo de risco, a piora da saúde cardíaca foi definida como progressão para pré-insuficiência cardíaca ou para insuficiência cardíaca sintomática.

Para o grupo com pré-insuficiência cardíaca, a piora da saúde do coração foi definida como deterioração nas funções de compressão ou relaxamento do coração ou como uma progressão para insuficiência cardíaca sintomática. Além disso, nesse grupo a ingestão moderada ou alta foi associada a um risco 4,5 vezes maior de piorar a saúde do coração.

“Nosso estudo sugere que beber mais de 70 g de álcool por semana está associado ao agravamento da pré-insuficiência cardíaca ou progressão para insuficiência cardíaca sintomática em europeus”, alerta Wong. “Não observamos nenhum benefício do baixo uso de álcool. Nossos resultados indicam que os países devem defender limites mais baixos de ingestão segura de álcool em pacientes com pré-insuficiência cardíaca.”