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A máquina e o tempo

A máquina e o tempo

A árvore fantasma


Agarrada só aos galhos do que já foi não é nem sombra desfolhou-se, desnudou-se dos frutos perdeu-se das folhas, tiraram-lhe a fantasia reduzida a ser espectro, fantasma sem assombro reflexo da morte, que ainda guarda poesia faz pose para uma foto, mas sem sorriso a árvore adoecida, já não adocicada suspensa pelo tronco teimoso sustento do inerte esqueleto pobre planta destituída

A máquina e o tempo


Seca de lubrificantes entranhas paralisadas imóveis engrenagens era tipo moderna hoje são tipos esquecidos Ultrapassagem temporal resquício, velharia ou mera impressão do que foi futuro e presente ficou o pretérito maquinário A única utilidade decorativa quietude dos idos movimentos restou a incapacidade da máquina frente ao tempo

Gravitação de spray


Pequeno jato, foguete de cores lança ao muro, à madeira, ao metal coleção de tons, espalha alegre e dita: grafitai e gravidai no espaço Toma formas, aleatórias dirás! apenas aparente constraste transforma-se em muitos seres voos, animais, bocas e oralhes Conquista pelo dedo o controle spray de cartela infinita, sente no giro de um braço pincel paleta de oferendas ao quadro, ao mundo

Nódoa


Mancha no tecido nó desmedido imersão do tempo do adeus infinito Marca um momento estraga o futuro destoa, sem brilho afugenta o reuso Teor com despropósito colore, distorce, com fôlego sobrevoa o plano nódoa do alimento, sem passar o pano