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A exuberância da flora paraibana; Do Litoral ao Sertão, diversidade de espécies é sinônimo de riqueza natural e beleza

A exuberância da flora paraibana; Do Litoral ao Sertão, diversidade de espécies é sinônimo de riqueza natural e beleza

A Paraíba possui uma vegetação diversificada, cujas espécies nativas dos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica compõem a maior parte da flora do seu território. Em João Pessoa, as árvores urbanas destacam-se como as mais antigas, com espécies que podem chegar a 300 anos, segundo estimativa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam).

Entre as árvores centenárias existentes no solo pessoense, destaca-se um jequitibá, localizado no Parque Arruda Câmara (Bica). O diretor de Controle Ambiental e chefe da Divisão de Arborização e Reflorestamento da Semam, Anderson Fontes, explica que ainda não há um estudo científico que comprove a idade exata dessa árvore, especificamente, mas há pesquisas e levantamentos que mostram que ela existe há aproximadamente três séculos.

“Esse [jequitibá] é o que nós consideramos como sendo um dos indivíduos arbóreos mais antigos, porém, existem outros espalhados, principalmente, no Centro Histórico da cidade, que podem ter o mesmo tempo de vida, variando entre 200 e 300 anos”, pontua.

Esta árvore é considerada, ainda, uma das maiores entre as nativas da Mata Atlântica, porque sua altura pode chegar a 50 metros. Segundo Anderson, outros tipos de árvores centenárias e de grande porte são os oitizeiros e as gameleiras, que podem chegar até 20 metros de altura.

As duas espécies, nativas da Mata Atlântica, são facilmente encontradas em bairros como Treze de Maio, Tambiá e outras regiões centrais da cidade, como nas imediações das Praças da Independência, Pedro Américo e Aristides Lobo.

O ambientalista destaca que as duas árvores são bastantes resistentes à poluição e, geralmente, estão na maioria dos projetos de arborização urbana, contribuindo, também, com o aspecto paisagístico e com o conforto térmico destes espaços, tendo em vista a grande capacidade de sombreamento que possuem. Além disso, o chefe da Divisão de Arborização e Reflorestamento da Semam lembra da contribuição das árvores para a purificação do ar.

“Quanto mais árvores, maior será a captação de gás carbônico e liberação de oxigênio, contribuindo, assim, para um ar mais puro e menos poluído”, afirma Fontes, ao citar outros benefícios como os frutos, que servem de alimentação para animais e seres humanos; a fitoterapia, com o uso de folhas para chás e medicamentos; além dos abrigos que podem oferecer para os seres vivos em geral, como pássaros, macacos, insetos, entre outros.

Ainda com relação às espécies arbóreas de maior porte da flora de João Pessoa, Anderson Fontes cita os ipês (rosa, branco e roxo) – cuja altura varia entre 20 e 30 metros. Ao todo, mais de 2.400 colorem, com uma floração fascinante, as ruas, praças e demais áreas viárias da capital, conforme a catalogação mais recente realizada pela Seman. A quantidade é tão grande em determinadas áreas que até nome de bairro já foi registrado em homenagem à árvore. Trata-se do Bairro dos Ipês, na Zona Norte do município.

Entretanto, os ipês não são exclusividade da arborização da cidade litorânea. Em regiões nas quais predominam os biomas Caatinga e Cerrado, como em algumas cidades do Agreste, Cariri e Sertão paraibano, por exemplo, eles também são muito comuns.

Ecossistemas com características particulares

A divisão geográfica da Paraíba contribui significativamente para a diversidade da flora e, sobretudo, da vegetação arbórea que se estende pelas diferentes localidades do estado. É o que afirma a botânica, pesquisadora e professora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Maria de Fátima de Araújo.

“O território paraibano está dividido politicamente e geoclimatologicamente em quatro mesorregiões [Mata Paraibana, Agreste, Borborema e Sertão]. Então, temos uma variedade de clima, solo, rochas, vegetação e flora. E, em cada uma dessas áreas, existem diferentes tipos de árvores características daquele ecossistema”, explica.

Na Caatinga, existem mais de cinco mil espécies de plantas, em geral, incluindo as arbóreas e lenhosas, catalogadas em todo o país, segundo a Flora do Brasil. O bioma ocupa cerca de 70% da região Nordeste e predomina no interior da Paraíba.

A pesquisadora destaca, entre as árvores típicas dessa vegetação, o mulungu, cuja estatura varia entre 6 e 12 metros; a catingueira, que pode chegar até oito metros de altura; e o umbuzeiro, que, apesar de não ter um grande porte, costuma ultrapassar 100 anos de vida.

Como o clima predominante é o Semiárido, ou seja, pouca chuva e temperaturas mais elevadas, Fátima de Araújo ressalta que a flora da Caatinga se adapta facilmente aos períodos de seca e stiagem, como é o caso dos cactos. “O mandacaru e o xique-xique são exemplos de algumas espécies cactáceas que costumam armazenar água no interior do caule em períodos de estiagem prolongada”, frisa.

Ameaçadas

Algumas espécies nativas como aroeira-do-sertão e baraúna estão em risco de extinção, alerta a pesquisadora que há 1 anos desenvolve estudos no Sertão paraibano. Ela explica que as populações destas árvores estão cada vez mais reduzidas e é fundamental que haja uma intervenção dos órgãos públicos para evitar o total desaparecimento.

“Os governantes, junto às secretarias de Meio Ambiente, instituições de ensino e à própria população, devem se atentar para o planejamento paisagístico e urbano, priorizando o plantio e reflorestamento de árvores nativas dos biomas que existem em nosso estado, sobretudo, daquelas que estão sob ameaça”.

Além disso, a especialista afirma que promover ações de educação ambiental é uma medida efetiva para a preservação da flora de um modo geral. “A educação é o primeiro passo para tudo. É preciso pensar em ações de ensino que eduquem as crianças e os jovens, nesse sentido de cuidados com a natureza. Afinal, são eles quem vão receber, no futuro, esse ambiente; seja preservado ou degre ado”, ressaltou Fátima de Araújo.

Jequitibá que fica na Bica é árvore mais antiga da capital; gameleiras e oitizeiros também são encontrados na região. Fotos: Edson Matos