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Vírus comum em macacos pode estar prestes a “saltar” para humanos

Vírus comum em macacos pode estar prestes a “saltar” para humanos

Causador da febre hemorrágica símia, agente da família dos arterivírus tem sintomas parecidos com os do Ebola e, tal qual o HIV, pode atacar o sistema imunológico

Um vírus comum em macacos tem mantido cientistas em estado de alerta. Responsável pela febre hemorrágica símia, o vírus da família dos arterivírus já causou surtos mortais em colônias de macacos em cativeiro e tem sintomas semelhantes aos do ebola.

Publicada na última sexta-feira (30) no periódico Cell, a análise foi conduzida por Sara Sawyer e Cody Warren, pesquisadores na Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos.

O estudo demonstra que o receptor CD163 desempenha um papel fundamental na biologia dos arterivírus símios, permitindo que invadam e causem infecção de células-alvo. Por meio de uma série de experimentos de laboratório, os pesquisadores descobriram, para sua surpresa, que o vírus também é notavelmente hábil em se agarrar à versão humana do CD163, entrando nas nossas células e rapidamente fazendo cópias de si mesmo.

“Esse vírus animal descobriu como obter acesso a células humanas, multiplicar-se e escapar de alguns dos importantes mecanismos imunológicos que esperaríamos para nos proteger de um vírus animal. Isso é muito raro”, comenta Sawyer, em nota.

Outro fato chamou a atenção dos pesquisadores. Assim como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) – o qual se iniciou como vírus da imunodeficiência símia (SIV) –, o responsável pela febre em macacos também parecem atacar as células imunes. Esse processo ocorre quando o vírus desativa os principais mecanismos de defesa e toma o controle do hospedeiro.

Até o momento, os autores enfatizam ainda é incerto qual o possível impacto do vírus para a humanidade. Entretanto, defendem que a comunidade global de saúde priorize um estudo mais aprofundado de vírus símios.

Isso porque uma gama de macacos africanos já carregam altas cargas virais de diversos arterivírus, muitas vezes assintomáticos. E algumas espécies têm uma interação frequente com humanos, aumentando o risco de transmissão.

“Nossa esperança é que, ao aumentar a conscientização sobre os vírus pelos quais devemos estar atentos, possamos nos antecipar a isso para que, se infecções humanas começarem a ocorrer, possamos agir rapidamente”, defende a autora.