Anchor Deezer Spotify

Vendedor de frutas cria ecobarreira para salvar rio na Região Metropolitana de Curitiba

Vendedor de frutas cria ecobarreira para salvar rio na Região Metropolitana de Curitiba

Diego Saldanha usa estrutura feita de canos e tela submersa para retirar em média 150 quilos de lixo do rio Atuba. Nos últimos cinco anos, foram 10 toneladas. Para chamar a atenção para o problema, ele criou o ‘museu do lixo’.

Um morador da Região Metropolitana de Curitiba dedica parte do tempo de folga para salvar um rio.

Três vezes na semana, Diego Saldanha, vendedor de frutas, dá lugar ao Diego, ativista ambiental. A missão é tentar salvar o rio que faz parte da vida dele desde pequeno.

“A gente brincava aqui com os amigos, com os primos e, ao longo dos anos, as coisas foram piorando cada dia mais”, conta.

O rio Atuba nasce na Região Metropolitana de Curitiba e é um dos afluentes do Iguaçu, o maior rio paranaense. Vendo a água sendo tomada pelo lixo, Diego decidiu agir. Desenvolveu uma “ecobarreira”. Ela é feita de canos que flutuam. Uma tela fica submersa, e cordas prendem a estrutura nas margens do rio.

Ecobarreira de Diego Saldanha retém lixo do rio Atuba — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

Ecobarreira de Diego Saldanha retém lixo do rio Atuba — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

“Tudo que desce flutuando pelo rio fica barrado nas barreiras e três vezes por semana eu faço a limpeza. Eu pesquisei bastante uma solução que eu pudesse ajudar o rio, só que também teria que ser uma solução que coubesse no meu bolso, porque é um trabalho que eu faço tudo sozinho”, diz.

Por mês, Diego tira do rio em média 150 quilos de lixo. Nos últimos cinco anos, foram 10 toneladas; a maioria, material reciclável. Tem muito plástico, vidro e tudo que pode ser reaproveitado vai para cooperativas de catadores. Foi o jeito que Diego encontrou de trazer esperança para o rio.

Quando a bolsa fica cheia, ele retira o lixo, com a ajuda de um guindaste. Mal dá para acreditar no que chega por essas águas. Para chamar a atenção para o problema, Diego criou o “museu do lixo”.

“Televisão, carcaça de máquina de lavar, celular. Tem coisas que jamais poderiam estar dentro de um rio. Isso é uma amostra. É importante a gente falar do que está nos nossos rios urbanos brasileiros. O problema é geral. As pessoas que vêm conhecer o meu projeto, quando se deparam com isso daqui, todo mundo fica assustado”, afirma.

Marizete Saldanha Mello, vendedora e mãe do Diego, ajuda a selecionar os materiais. As bonecas sujas e quebradas recebem tratamento especial. São limpas, higienizadas e doadas.

Marizete Saldanha Mello ao lado de bonecas resgatadas do rio — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

Marizete Saldanha Mello ao lado de bonecas resgatadas do rio — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

“A gratidão de ver uma criança sorrindo, de uma coisa que estava no lixo, no rio. Ele salvando o rio, eu salvando as bonecas e a infância das crianças”, diz.

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, que monitora 90 rios que cruzam cidades brasileiras, em apenas 7% deles a qualidade da água é considerada boa ou ótima. Por isso, o trabalho é de persistência, para um dia ter de volta aquele rio de antigamente.

“Meu sonho é um dia você retornar aqui para a gente fazer uma nova matéria e eu falar assim: ‘Olha, não precisa mais fazer a ecobarreira porque não desce mais lixo pelo rio’. Eu sei que é um sonho distante, mas eu sou um cara sonhador e acredito nisso”, afirma.