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Único tamanduá albino do mundo está vivendo “pleno” no MS, dizem cientistas

Único tamanduá albino do mundo está vivendo “pleno” no MS, dizem cientistas

Batizado carinhosamente de Alvinho, animal de espécie vulnerável à extinção vive no Cerrado e é acompanhado com colete de monitoramento por especialistas; veja fotos

O único tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) com albinismo conhecido no mundo vive saudável no Cerrado do Mato Grosso do Sul. O animal é monitorado por uma equipe do Projeto Bandeiras e Rodovias, desde que foi descoberto, ainda filhote, em dezembro de 2022 em uma fazenda.

O albinismo é uma condição genética que impede a produção da proteína melanina, pigmento que dá cor a pele, escamas, olhos e pelos. Como resultado, animais como esse tamanduá têm penugem branca ou clara, com olhos rosa muito sensíveis à luz.

O Projeto Bandeiras e Rodovias, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), informa em publicação no Facebook no último dia 10 de maio que o tamanduá albino, agora com mais de 1 ano de idade, está pesando 14 kg e medindo 1,52 metro.

O comedor de formiga, chamado Alvin e apelidado carinhosamente de Alvinho, já está com seu segundo colete de monitoramento. A vestimenta é adaptável ao formato do corpo do mamífero e é “fundamental para a compreensão dos aspectos comportamentais da espécie”, segundo afirma o post.

Alvinho está com seu segundo colete de monitoramento — Foto: Reprodução Facebook/Projeto Bandeiras e Rodovias

Alvinho está com seu segundo colete de monitoramento — Foto: Reprodução Facebook/Projeto Bandeiras e Rodovias

De acordo com a equipe de monitoramento, um estudo conduzido pela etóloga brasileira Alessandra Bertassoni para avaliar o animal com e sem o colete concluiu que sua utilização não interfere no comportamento do tamanduá, sendo um método seguro.

Ao que tudo indica, o animal está com boa saúde. “Até a captura realizada em fevereiro de 2023, para troca do colete (pois a bateria estava acabando), [Alvinho] estava ganhando peso e crescendo”, destaca o Projeto Bandeiras e Rodovias.

Alvin foi descoberto em dezembro de 2022 em uma fazenda — Foto: Reprodução Facebook/Projeto Bandeiras e Rodovias

Alvin foi descoberto em dezembro de 2022 em uma fazenda — Foto: Reprodução Facebook/Projeto Bandeiras e Rodovias

No dia 3 de janeiro, os conservacionistas da equipe divulgaram um vídeo do tamanduá pegando carona nas costas da mãe dele, quando o filhote tinha cerca de 3 meses.

“O que geralmente acontece é que filhotes que nascem ‘diferentes’ muitas vezes são rejeitados no reino animal, o que felizmente não é o caso do Alvinho”, diz a publicação. “A mamãe está cuidando muito bem dele, com todo carinho, mas mesmo assim ele já está se preparando para deixá-la e dispersar, como é comum na espécie quando o filhote passa dos 6 meses de idade (em média)”.

Vulnerável à extinção

Os tamanduás-bandeiras estão atualmente listados como vulneráveis ​​na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A predação ameaça esses animais, especialmente os albinos, cuja cor branca se destaca no ambiente.

Em agosto de 2021, os pesquisadores do Projeto Bandeiras e Rodovias encontraram o cadáver de outro tamanduá-bandeira albino jovem, o primeiro desse tipo já descoberto, na mesma área de Alvin. O corpo tinha sinais de predação, segundo o site Live Science. “Quando chegamos lá, ele já estava morto, mas conseguimos coletar amostras genéticas que foram enviadas para o laboratório para análise”, disse a veterinária do projeto, Débora Yogui, em comunicado.

Ao comparar o DNA coletado do primeiro tamanduá albino com o código genético de Alvinho, a equipe poderá dizer se os animais são parentes. Mesmo se os tamanduás albinos não tiverem diretamente relacionados, o pool genético da espécie pode ter sido diminuído pela endogamia (acasalamento entre indivíduos aparentados), causando o albinismo. Os pesquisadores suspeitam que as relações endogâmicas de devam à destruição do habitat pelo desmatamento.