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Um futuro alimentar melhor começa agora

Um futuro alimentar melhor começa agora

Em evento realizado em São Paulo, a Fundação lançou na última quarta-feira (24/05), simultaneamente no Brasil e no Reino Unido o desafio global ‘The Big Food Redesign’ (O Grande Redesenho de Alimentos) e convocou atores da indústria alimentícia para liderarem a transição para uma economia circular.

Logo na abertura, a líder da Fundação Ellen MacArthur para América Latina, Luísa Santiago, alertou que o atual sistema alimentar é um dos principais impulsionadores da perda de biodiversidade e responde por um terço das emissões globais de gases do efeito estufa. Mas existe uma esperança de mudança, e ela está nas mãos das empresas e varejistas do setor de alimentos, que podem redesenhar nosso sistema alimentar para permitir que a natureza prospere. Para ajudar a acelerar essa mudança, a Fundação Ellen MacArthur, em parceria com o Sustainable Food Trust, está lançando um desafio que reunirá produtores, varejistas, empresas de alimentos e fornecedores para adotarem o design circular de alimentos.

O desafio ‘The Big Food Redesign’ (O Grande Redesenho de Alimentos) será uma jornada global de aprendizagem e criação, com o objetivo de mobilizar e inspirar a indústria alimentar a regenerar a natureza ao aplicar os princípios de design circular para alimentos. As empresas que se inscreverem para o desafio terão a tarefa de projetar novos produtos alimentícios – ou redesenhar os existentes – usando
princípios de design circular de alimentos, que contribuem para a natureza prosperar.

Isso inclui repensar o conceito do produto, a seleção e o fornecimento de ingredientes e a embalagem. Ao aplicar esse modelo, os participantes do desafio irão explorar o potencial dos alimentos para combater a perda de biodiversidade e enfrentar as mudanças climáticas. A entrega dos primeiros projetos é esperada para o final deste ano, e as ideias mais bem-sucedidas de produtos serão convidadas a entrarem em produção, ficando disponíveis em 2024.

Para se inscrever no desafio, não é preciso ter uma ideia de produto de antemão. As empresas podem participar para aprender, inovar e testar ideias no seu ritmo. As participantes terão acesso a uma plataforma criada especialmente para o desafio, que servirá como suporte à colaboração e networking pré-competitivo e disponibilizará uma série de webinars educativos, além de acesso a suporte de especialistas.

Na sequência, a diretora de sustentabilidade para América-Latina na Coca-Cola, Andrea Mota, falou um pouco sobre o “Programa Olhos da Floresta” que foi criado em 2016 para fomentar a cadeia do guaraná no Amazonas e promove inclusão social, geração de renda e uso racional dos recursos naturais. Presente em 124 comunidades, o Olhos da Floresta atende a 350 famílias de agricultores e beneficia mais de três mil pessoas nos diversos elos da cadeia. Ao todo,17 municípios amazonenses contam com o apoio do programa. Com essa diversidade territorial, a iniciativa opera em 90% das áreas produtivas do guaraná da região.

Em quatro desses municípios, destaca-se ainda a atuação em Unidades de Conservação (UCs): na Área de Proteção Ambiental (APA) da Margem Direita do Rio Negro, em Novo Airão; na Floresta Nacional (Flona) Pau Rosa, em Nova Olinda do Norte; na Área de Proteção Ambiental Caverna do Maroaga, em Presidente Figueiredo; e na Floresta Estadual (FES) de Maués.

Com essa estratégia, o programa está presente em comunidades isoladas e que estão à margem do mercado, muitas vezes, sem acesso nem mesmo à estrutura logística.

O Olhos da Floresta, incentiva a adoção de práticas agroecológicas que utilizam os agroecossistemas como unidade econômica integrada ao território. Este método de agricultura regenerativa leva em consideração as dimensões ecológicas, sociais e culturais para a produção do fruto, combinando culturas agrícolas e espécies florestais em um mesmo espaço, recuperando áreas alteradas e propondo uma alternativa para o monocultivo – sistemas agroflorestais (SAFs).

O Olhos da Floresta também fomenta a organização social dos produtores, fortalece a comercialização do fruto, com a garantia de remuneração justa e destino certo: por meio do programa, a produção dos beneficiados é comprada pela Coca-Cola.

Logo depois, foi a vez do líder de sustentabilidade da Mãe Terra – Unilever, Felipe Lucci, falar a respeito dos cogumelos da Amazônia e como eles são coletados através dos conhecimentos passados entre gerações de indígenas há centenas de anos.

O Cogumelo Yanomami não é apenas  um alimento. É conhecimento ancestral, que mostra toda força dos povos indígenas e o cuidado com as florestas e com a vida. A coleta desses cogumelos gera impactos positivos para o povo indígena Yanomami e ajuda a manter a floresta em pé.

As quinze espécies de cogumelos do Ritto são coletadas pelos Sanöma, parte do povo Yanomami. Esse é um dos grupos que vivem na porção mais ao norte da Terra Indígena Yanomami, na fronteira do Brasil com a Venezuela,  conhecida como Awaris. São, ao todo, 3 mil pessoas de 20 comunidades indígenas que habitam as margens do rio Ãsikama u, o rio Auaris.

Atualmente, diversas iniciativas lideradas por associações e organizações sem fins lucrativos, lutam pela preservação da floresta e dos povos como os Yanomami, e contam com o envolvimento de marcas e empresas que enxergam a sua importância socioambiental, visando além do lucro, mas uma oportunidade de conscientização. É o caso da Mãe Terra e seu novo Ritto com Cogumelo Yanomami: uma forma de revelar a riqueza da sociobiodiversidade da Amazônia.

A Mãe Terra é uma marca que utiliza ingredientes orgânicos, vegetais e livres de transgênicos, que valoriza o uso de insumos nativos do nosso país. Para a criação do seu novo Ritto, Mãe terra se uniu à Hutukara Associação Yanomami, a Rede Origens Brasil®, e ao Instituto ATÁ para trazer um arroz com cogumelos da Amazônia brasileira, coletados de forma sustentável na Terra Indígena Yanomami, promovendo uma relação de comércio ético e transparente.

Para finalizar a gerente de mudanças climáticas e economia circular do Grupo Carrefour Brasil, Cintia Kita, lembrou a triste realidade de que 33 milhões de brasileiros sofrem de insegurança alimentar. Para o Grupo Carrefour Brasil, comida é algo que não se joga fora. Assim, nosso projeto de liderança da transição alimentar no país envolve uma série de ações para evitar ao máximo o desperdício de alimentos em toda a nossa cadeia de operações.

Uma estratégia de grande impacto social para evitar o desperdício de alimentos que estão fora do padrão de venda, mas em perfeitas condições, é doá-los para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Desde 2019, mais de 7.000 toneladas provenientes das lojas Carrefour e Atacadão tiveram esse destino, em parceria com o Sesc Mesa Brasil e bancos de alimentos.

Os alimentos que não puderem ser aproveitados de outra forma serão transformados em resíduos orgânicos, a ser utilizados para consumo animal ou em processo de compostagem na produção da Terra Vegetal de marca própria. Em 2020, mais de 8 mil toneladas de resíduos orgânicos foram destinadas para a compostagem, e outras 1.034 toneladas foram destinadas à ração animal ou para graxarias.

Os conceitos de economia circular e de combate ao desperdício de alimentos nas operações do Grupo Carrefour Brasil são reforçados com a produção da Terra Vegetal de marca própria.

Ela é gerada a partir da compostagem de frutas, verduras, legumes, ovos e sobras da peixaria e padaria, fazendo com que esses insumos retornem à cadeia de consumo ao invés de serem descartados.

Essa matéria-prima é proveniente do setor de perecíveis de 48 unidades do Carrefour em São Paulo.

Mensalmente, de 350 a 400 toneladas de resíduos da rede Carrefour são destinados à compostagem, o que representa 80 mil unidades da Terra Vegetal. Comercializada em embalagens de cinco quilos, ela é própria para jardinagem, horta, gramado e cobertura de solo em geral.

Nessa iniciativa contamos com uma empresa parceira, a Ecomark, especializada em gerenciar resíduos orgânicos. Ela é responsável por recolher o rejeito e produzir o composto. Considerando o período de decomposição e a chegada às gôndolas, o processo de preparo da terra é de três a quatro meses.

Como funciona o desafio:

A jornada dos participantes será dividida em três fases. A primeira etapa será focada no aprendizado, colaboração e no design dos futuros produtos alimentícios, com o apoio da plataforma Latis, da HowGood, maior ferramenta de medição de impacto de produtos e ingredientes do mundo. Nessa fase, haverá webinars para inspirar, facilitar trocas e oferecer apoio técnico. Em outubro, as empresas serão
convidadas a submeter até cinco ideias de produto. Os protótipos que demonstrarem como os princípios do design circular para alimentos podem ser incorporados aos produtos, serão convidados a avançar para a próxima fase.

Na etapa de produção, as empresas terão a oportunidade de discutir sobre o varejo, as apresentações dos produtos e a construção de narrativas. Será realizado um segundo processo de pontuação, utilizando as mesmas métricas que na etapa de design, com ênfase em captar informações adicionais referentes ao cultivo e à produção, com base nos princípios holísticos da estrutura da Global Farm Metric.

A última etapa, que se inicia ao final de 2024, serão anunciados os produtos mais bem-sucedidos do desafio com uma cerimônia de premiação e oportunidades de colocação no mercado com o apoio de varejistas parceiros.

Para atender aos critérios do desafio, o produto deve ter a maior parte de seus ingredientes provenientes de sistemas de produção que indicam resultados positivos para a natureza; preencher pelo menos uma das três oportunidades de design identificadas no modelo de design circular para alimentos (uso de ingredientes de menor impacto, diversificados e reciclados); e ter uma embalagem que não utilize materiais problemáticos e atenda ao maior número possível de metas de economia circular.

Para aproveitar ao máximo as oportunidades de aprendizado, é recomendado que as empresas se inscrevam até 20 de junho de 2023, quando começam os webinars.
Mais informações sobre o desafio estão disponíveis aqui.
O desafio “The Big Food Redesign Challenge” (O Grande Redesenho de Alimentos) é generosamente apoiado com fundos levantados por jogadores da People’s Postcode Lottery e concedidos através do Dream Fund, com apoio adicional fornecido pela Schmidt Family Foundation.

Design circular de alimentos: repensando os produtos para regenerar a natureza

Assista a série documental de cinco episódios (abaixo) com estudos de caso de empresas do Brasil e Colômbia que decidiram se tornar positivas para a natureza, repensar os seus produtos e/ou cadeias de suprimentos.

Episódio 1: Desenvolvendo alimentos para a natureza prosperar

Episódio 2: Cultivando biodiversidade e resiliência

Episódio 3: Colaborando para preservar as florestas

Episódio 4: Regenerando os solos em larga escala

Episódio 5: Expandindo o mercado de alimentos positivos para a natureza