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Torrefação torna sacolas de papel mais fortes, mesmo quando molhadas

Torrefação torna sacolas de papel mais fortes, mesmo quando molhadas

Um processo para tornar as sacolas de papel mais fortes, especialmente quando molhadas, pode torná-las uma alternativa mais viável às sacolas plásticas descartáveis.

E, além de se tornarem duráveis o suficiente para serem usados várias vezes, quando finalmente forem descartadas elas podem ser decompostas quimicamente por um tratamento alcalino, resultando em matéria-prima para a produção de biocombustíveis.

Jaya Tripathi, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, conseguiu tudo isso com um processo inovador no qual a celulose do papel passa por um processo de torrefação, semelhante ao usado na preparação do café.

Tripathi descobriu que, quando a celulose é torrada em um ambiente privado de oxigênio, sua resistência à tração aumenta consideravelmente, mesmo que o papel seja molhado, obtendo um resultado que é muito superior às alternativas existentes.

O ganho em resistência à tração chegou a 557% quando o papel passa por uma torrefação a 260 ºC.

“O uso de processos químicos caros para aumentar a resistência a úmido diminui os recursos ecologicamente corretos e econômicos do papel para aplicação comercial, portanto é necessário explorar técnicas não químicas para aumentar a resistência a úmido das sacolas de papel. A torrefação pode ser a resposta,” disse a pesquisadora.

Matéria-prima para biocombustíveis

Embora as sacolas de papel torrefadas sejam mais duráveis, Tripathi queria também garantir uma rota para sua reciclagem.

Como a torrefação diminui o conteúdo de glicose no papel, a pesquisadora então tratou o papel com uma solução de hidróxido de sódio, também conhecido como soda cáustica, o que aumentou o conteúdo de glicose, tornando o papel uma fonte melhor para a produção de biocombustíveis.

Como muitas descobertas científicas, Tripathi aprendeu sobre a sinergia da torrefação e do tratamento alcalino para aumentar a capacidade do papel acidentalmente.

“Eu estava procurando outra coisa, estudando como a torrefação afeta a celulose para produção de glicose para uso como substrato de biocombustível,” contou ela. “Mas notei que a resistência do papel aumentava à medida que torrificávamos a celulose. Isso me fez pensar que provavelmente ele seria bom para embalagem, uma aplicação totalmente diferente.” E deu certo.

Bibliografia:

Artigo: Torrefied paper as a packaging material and subsequently as a bioethanol substrate: Synergy of torrefaction and alkaline treatment for increased utility
Autores: Jaya Tripathi, Daniel Ciolkosz, Dan G. Sykes
Revista: Resources, Conservation and Recycling
Vol.: 191, 106882
DOI: 10.1016/j.resconrec.2023.106882