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Temperaturas nos polos chegam a até 40 graus acima da média

Temperaturas nos polos chegam a até 40 graus acima da média

Duas ondas de calor atingiram, ao mesmo tempo, os lugares mais gelados do planeta: o Ártico, no Polo Norte, e a Antártica, no Polo Sul. A ciência nunca tinha registrado os dois fenômenos extremos ao mesmo tempo.

Um fenômeno climático sem precedentes na história acendeu o alerta vermelho na comunidade científica.

Duas ondas de calor atingiram, ao mesmo tempo, os lugares mais gelados do planeta: o Ártico, no Polo Norte, e a Antártica, no Polo Sul. A ciência nunca tinha registrado os dois fenômenos extremos ao mesmo tempo.

Na semana passada, em alguns pontos do Ártico, as temperaturas ficaram 30 graus acima da média para esta época do ano. E, em lugares da Antártica, 40 graus acima.

O professor Paulo Artaxo, da USP, explica que o aquecimento global está favorecendo a entrada de ar quente nos polos.

“Os ecossistemas no Ártico e na Antártica são, em geral, protegidos por sistemas de circulação atmosféricas chamados vórtex polar. O que nós estamos observando é o enfraquecimento dessa circulação atmosférica, o que permite ar muito quente de áreas temperadas atingir regiões polares, e isso não acontecia há 20, 30 ou 40 anos atrás”, diz.

Tanto no Ártico quanto na Antártica, a cobertura de gelo diminui todo ano no verão, por causa do derretimento, e volta a aumentar no inverno. Na Antártica, a extensão do gelo sobre o mar costuma atingir o mínimo todo mês de fevereiro – mas nunca foi tão mínimo quanto em fevereiro deste ano. Ficou quase 30% abaixo da média, segundo o governo americano.

No Ártico, diferentemente da Antártica, não há um continente por baixo do gelo. Ele fica todo sobre o mar. E a cobertura mínima de gelo, que acontece em setembro de cada ano, vem diminuindo nas últimas décadas.

“Nossos modelos já indicavam, que cedo ou tarde, coisas similares que estão ocorrendo no Ártico também vão ocorrer na periferia da Antártica. Ou seja, o processo está se intensificando. As duas regiões polares, em geral, respondem mais rapidamente às mudanças do clima”, explica vice-presidente do Comitê Internacional de Pesquisas Antárticas, Jefferson Cardia Simões.

O professor Jefferson Simões já foi mais de 20 vezes à Antártica.

“Está claro que, principalmente na periferia da Antártica, as massas de gelo estão rapidamente diminuindo de tamanho. Existe um aumento da temperatura atmosférica, em média, de 2 a 3 graus centígrados. Existe invasão de espécies estranhas, expansão de gramíneas; estão ficando mais verdes essas ilhas”, ressalta Jefferson.

A ciência já cansou de demonstrar que alguns gases lançados na atmosfera dificultam a dispersão do calor e desequilibram o clima do planeta. É o caso do dióxido de carbono, produzido pela queima de combustíveis fósseis, pelo desmatamento, pelas queimadas. A explicação já é mais do que conhecida. O que ainda ninguém viu são providências suficientes para diminuir bastante essas emissões, aqui e no resto do mundo.

“Isso é uma tragédia para o planeta como um todo e quem vai mais sofrer os impactos das mudanças climáticas não são os países ricos, mas são os países em desenvolvimento, como o Brasil. Veja Petrópolis, veja a seca que o Brasil teve no ano passado, cheias na Bahia, em Minas Gerais. E também nas regiões polares do nosso planeta. Então, o homem tem que ter muito cuidado com o que está fazendo do ponto de vista de emissão de gases de efeito estufa”, afirma Paulo Artaxo.