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Startup leva painéis solares para comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas

Startup leva painéis solares para comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas

A Pratika, sediada em Manaus, contribui para que centenas de famílias no oeste do Pará possam produzir a sua própria energia de forma limpa ao invés de usar fontes poluentes como o diesel

Nascidos e criados na comunidade quilombola Boa Vista, uma das mais antigas do país e localizada na região oeste do estado do Pará, Geovani Cordeiro e Adriano Pantoja decidiram transformar, há pouco mais de dois anos, a desafiadora realidade do escasso acesso à energia na região.

Pratika Engenharia surgiu como um caminho para garantir acesso à energia limpa pelas aldeias indígenas e comunidades quilombolas e ribeirinhas mais isoladas, substituindo assim os geradores de energia movidos a diesel nas comunidades do oeste do estado.

O negócio é uma evolução de uma antiga empresa de Geovani especializada em manutenção e refrigeração elétrica. Em 2019, o engenheiro chamou seu amigo Adriano para a sociedade e passou a focar na venda e na instalação de painéis solares para a produção de energia na região.

Pratika Engenharia: os sócios Adriano Pantoja e Geovani Cordeiro — Foto: Divulgação

Pratika Engenharia: os sócios Adriano Pantoja e Geovani Cordeiro — Foto: Divulgação

Na primeira semana de teste do novo modelo da empresa, a dupla vendeu 10 kits e logo entendeu que havia uma carência por esse tipo de solução. “Pegamos todas as nossas reservas e investimos cerca de R$ 20 mil na época para comprar os primeiros kits de painel solar. A gente acreditou muito nesta ideia, porque vivemos na pele o desafio que é para essas comunidades não ter um bom acesso à energia e depender somente de 4h horas diárias de energia gerada pela combustão poluente”, enfatiza Cordeiro.

O custo mensal do combustível tradicional era de cerca de R$ 600 por residência. Com a Pratika, o morador pode pagar R$ 1 mil de entrada e continuar pagando esses mesmos R$ 600 mensais para a empresa até finalizar o pagamento completo do kit. “Nosso objetivo não é lucrar. Queremos mudar a vida dessas pessoas e, por isso, permitimos que elas financiem em até quantas vezes for melhor para elas. Os kits custam em média R$ 7 mil e, depois, a residência dependerá somente do sol para garantir energia em sua casa. Nessa região, a média de luz solar é de 8h por dia, então é muito benéfico”, reforça o engenheiro que ainda pontua que muitos de seus clientes são pescadores locais e coletores de castanhas.

Inovação que vem da floresta: empresa leva painéis solares para comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas — Foto: Divulgação

Inovação que vem da floresta: empresa leva painéis solares para comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas — Foto: Divulgação

No modelo de negócios da empresa, os empreendedores recebem em cima do valor dos kits, comprados por fornecedores de diferentes partes do país, mas que são importados em sua maioria. “Com a crise econômica e o aumento do dólar, nesse último ano os painéis solares passaram por um aumento de 70-80% do preço que estávamos acostumados a adquiri-los. Evitamos ao máximo repassar esse ajuste ao nosso público final, pois sabemos que isso dificultaria ainda mais o seu acesso ao kit. O que fazemos para ajudar é não cobrar pela instalação também”, conta o empreendedor.

Os serviços da Pratika já atenderam mais de 300 famílias em cerca de 22 comunidades do Pará. A empresa conta com duas lojas físicas próximas às comunidades e esperam abrir mais duas lojas no próximo ano. Para ganhar corpo, a startup passou pelo Programa de Aceleração da Plataforma Parceiros pela Amazônia ( PPA ), hoje comandado pela aceleradora Amaz. “Recebemos um investimento logo no início da empresa. Agora, estamos precisando de um novo investimento, já que com a pandemia, nossos principais clientes, público de baixa renda, e autônomo, foram severamente afetados pela crise”, ressalta Geovani.