Aleitamento materno contínuo contribui para desenvolvimento das crianças
Estudos mostram que crianças amamentadas por 12 meses ou mais apresentaram uma associação positiva em testes de QI, anos de estudo e ganhos financeiros do que as que foram amamentadas por menos de um mês
Mens sana in corpore sano.
Uma mente sã em um corpo são.
Muitos usam essa expressão, mas não sabem que essa famosa citação latina é derivada da Sátira X, do poeta satírico romano Juvenal (55 a 127 DC). A curiosidade é que essa frase é parte da resposta do autor à uma questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida, no lugar de riqueza ou poder.
E não seria um desejo ruim, certo?
Já foi comprovado em estudo realizado aqui no Brasil, Pelo Prof. Cesar Victora, Dr. Bernardo Horta e sua equipe, publicado no The Lancet, que crianças que foram amamentadas por 12 meses ou mais apresentavam uma associação positiva em testes de QI (3,76 pontos acima), anos de estudo (0,9 a mais) e ganhos financeiros (340 reais a mais na época – 2012) do que as que foram amamentadas por menos de um mês, analisadas aos 30 anos de idade.
E se formos descrever os benefícios para a saúde da criança, em curto, médio e longo prazo… A cada dia aparecem novas descobertas.
É materno-infantil que se diz
Quando abordamos a saúde da mãe e do bebê, sempre falamos de materno-infantil e não infanto-maternal. E ainda mais, quando tratamos de aleitamento, ele é materno. A mãe é a protagonista (“principal personagem”) do processo de amamentação.
Assim, toda a atenção deve ser dispensada à saúde da mulher, desde a infância, passando pela adolescência, juventude até chegar à fase adulta, para atingir a terceira idade em toda sua plenitude.
E prevenir (puericultura, pré-natal, exames e avaliações de rotina) continua sendo mais econômico, mais eficiente, mais lógico do que remediar.
Mens sana (Mente sadia)
Um estudo realizado pela University of California, recentemente publicado no Evolution, Medicine & Public Health trouxe mais uma luz sobre esse tema.
Os pesquisadores avaliaram 115 mulheres (64 deprimidas e 51 não deprimidas) com mais de 50 anos que amamentaram seus bebês, buscando alguma relação entre o aleitamento materno e os resultados dos testes psicológicos medindo aprendizagem, memória atrasada, funcionamento executivo e velocidade de processamento.
Acompanhem os resultados (desse estudo):
– Amamentação: 65% entre as não deprimidas e 44% entre as deprimidas.
– Gravidez completa: 100% entre as não deprimidas e 57,8% entre as deprimidas.
– Desempenho nos testes: Mulheres que amamentaram, deprimidas ou não, tiveram resultados melhores nos 4 testes cognitivos comparando com as que não amamentaram.
– Duração de amamentação: Quanto mais amamentaram (mais de 12 meses), melhores os resultados de todo os testes, comparando com as que não amamentaram ou o fizeram por 1 a 12 meses.
Corpore sano (Corpo sadio)
Outubro Rosa ressalta a importância da amamentação na prevenção do câncer de mama. Já se reconhece uma certa proteção conferida pelo aleitamento materno contra diabetes tipo 2.
Esse estudo demonstra uma redução do risco de doenças cardiovasculares nas mães com dados coletados de oito pesquisas e avaliação e acompanhamento de 1.192.700 mulheres grávidas, favorecendo as que amamentaram por qualquer tempo em relação àquelas que nunca amamentaram. Ou seja, o aleitamento materno foi associado à redução do risco de consequências de doenças cardiovasculares.
Mais uma vez: leite materno, uma medicina personalizada.