Recifes artificiais podem ajudar a recuperar pradarias marinhas e a combater alterações climáticas
As pradarias marinhas são ecossistemas que podem ser encontrados um pouco por todo o mundo, com variações no conjunto de espécies consoante a região do planeta, desde os trópicos até aos limites do círculo polar ártico.
Além de servirem de refúgio para várias espécies de jovens peixes, que por entre a vegetação procuram esconder-se dos predadores e crescer até atingirem a idade adulta e aventurarem-se em mar aberto, são importantes sumidouros de dióxido de carbono. Embora cubram apenas 0,1% da superfície marinha do planeta, essas pradarias são responsáveis por entre 10% e 18% de todo o carbono armazenado no oceano.
Ainda assim, calcula-se que a cada 30 minuto seja perdida uma área de pradaria marinha com o tamanho de um campo de futebol, fruto, sobretudo, da poluição e de práticas piscatórias insustentáveis. Mas parece que em tudo está perdido.
Uma investigação publicada esta quarta-feira na ‘Proceedings of the Royal Society B’ revela que os recifes artificiais podem ajudar a reverter as perdas sofridas pelas pradarias marinhas, pelo menos nas regiões tropicais, onde o trabalho doi desenvolvido.
Jacob Allgeier, da Universidade do Michigan e um dos três autores do artigo, explica, citado em comunicado do Museu de História Natural de Londres, que “ao atraírem peixes, cujas fezes fornecem doses concentradas de nutrientes para as ervas marinhas, os recifes artificiais aumentar a produção primária de todo o ecossistema”.
Os cientistas querem agora saber ao certo como é que os recifes artificiais estão também a afetar as comunidades de invertebrados e de peixes, mas, segundo Allgeier, tudo indica que haja aumentos para ambos os grupos de animais.
A investigação sugere que a colocação de recifes artificiais em padrarias marinhas, quer tenham sido afetadas ou não por efeitos das atividades humanas, como o excesso de nutrientes causado por descargas de águas residuais, aumentou a produtividade das ervas-marinhas, sem provocar uma explosão de algas nocivas (eutrofização) que normalmente está associada ao impacto dos esgotos em corpos de água.
Assim, os recifes artificiais “atraem peixes que usem os recifes como abrigos, os quais, por sua vez, fornecem novos nutrientes a partir das suas fezes que fertilizam as ervas marinhas em torno do recife”, comenta Mona Andskog, outra das autoras do artigo.
“O aumento da atividade primária pode aumentar a produção dos invertebrados ao fornecer mais alimento e abrigo para os invertebrados, que, por sua vez, fornecem mais alimento para os peixes”, acrescenta, descrevendo aquilo que diz ser um ‘ciclo de feedback positivo’.
Apesar de esta investigação ter demonstrado bons resultados da colocação de recifes artificiais numa zona tropical, as Caraíbas, os cientistas duvidam que tenham os mesmos efeitos positivos em pradarias marinhas em regiões mais temperadas, uma vez que essas águas tendem a apresentar já níveis relativamente elevados de nutrientes, pelo que os contributos deverão ser limitados.