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Quais regiões da Amazônia vão sofrer mais com calor e secas?

Quais regiões da Amazônia vão sofrer mais com calor e secas?

Uma equipe de 80 cientistas, brasileiros e estrangeiros, analisou as regiões dentro da Amazônia onde a floresta deve sentir mais profundamente os efeitos do aquecimento global. A pesquisa indica que estudos anteriores podem ter subestimado as secas que podem afetar o bioma, colocando em risco, especialmente, as árvores do sul e do oeste amazônico.

O supervisor do estudo, David Galbraith, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, afirma que “entender os limites que estas florestas são capazes de suportar é um grande desafio
científico. Nosso estudo fornece novas descobertas sobre um dos principais destes limites: a seca.” Esta foi a primeira avaliação do tipo feita ao longo de toda a Amazônia — nacional e internacional — com este foco nas respostas do ambiente a um clima mais quente e seco.

As chuvas, parte importante do bioma amazônico, podem se tornar mais escassas em algumas regiões pelos impactos das mudanças climáticas (Imagem: 10b travelling/Carsten ten Brink/CC BY-NC-ND 2.0)

Julia Tavares, ecóloga brasileira também na Universidade de Leeds durante a pesquisa, comenta que, embora as pessoas pensem na Amazônia como um local homogêneo, “ela é formada por numerosas regiões de floresta que passam por diferentes zonas climáticas, desde aquelas que já são muito secas às que são extremamente úmidas.” O objetivo da equipe seria, portanto, identificar os impactos nestas áreas distintas.

O time coletou amostras de 540 árvores de 129 espécies em 11 diferentes localidades no Brasil, Peru e Bolívia. Isso possibilitou que eles determinassem o quanto cada variedade e sua respectiva região são capazes de suportar o calor e a seca, ao mesmo tempo em que remove e estoca o carbono presente na atmosfera. Apesar das plantas no sul já serem as mais adaptadas à seca, elas foram as que se mostraram mais vulneráveis às mudanças climáticas — elas já estariam mais próximas do limite que são capazes de suportar.

Amazônia no Peru — estudo olhou para toda a floresta, não apenas a porção em território brasileiro (Imagem: Unplash/Conscious Design)

Já nas regiões da Amazônia em que espécies vegetais vivem em condições extremamente úmidas, as árvores estão relativamente seguras até o momento. Estas áreas, correspondentes ao centro e ao leste do bioma, foram as mais estudadas até o momento, o que ocasionou uma falsa impressão de que toda a floresta apresentava esta mesma resiliência.

Com até 15% de todo o estoque de carbono global, entender como a Floresta Amazônica está sujeita às mudanças do futuro próximo é vital para garantir que o que já se trata de uma crise climática não se agrave.