Próximos três anos são cruciais para controlar danos do aquecimento global

Segundo pesquisadores, as emissões podem mais do que dobrar o limite previsto no Acordo de Paris até o fim do século, caso não haja uma virada.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas concluiu que os três próximos anos são cruciais para manter o aquecimento do planeta dentro da meta firmada por 196 países no Acordo de Paris.
Tempestades assustadoras, cidades debaixo d’água ou sem água: cenas que vão se tornar cada vez mais comuns se o mundo não agir agora, de acordo com os especialistas. E é agora mesmo: “Agora ou nunca”.
Um cientista do Painel Intergovernamental da ONU ressaltou com todas as letras: “As emissões de gases de efeito estufa que têm causado o aquecimento global estão nos níveis mais altos da história da humanidade.”
Os pesquisadores destacaram que as emissões estão no caminho para mais do que dobrar o limite de aquecimento do planeta previsto no Acordo de Paris, de 1,5° para 3,2° até o fim do século.
A não ser que haja uma virada; os próximos anos são críticos. Dá para reduzir as emissões pela metade até 2030 e até 70% até 2050, desde que elas atinjam o pico antes de 2025. Nessa corrida contra o tempo, os combustíveis fósseis são um obstáculo gigantesco. É preciso diminuir o consumo de carvão, petróleo.
O relatório apresentou orientações sobre o que pode ser feito para evitar um futuro extremamente perigoso. Da nossa alimentação à maneira como vamos para o trabalho, comendo menos carne, caminhando mais.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, teme um mundo “inabitável”.
“Alguns líderes governamentais e empresariais estão dizendo uma coisa, mas fazendo outra. Ou seja, estão mentindo. E os resultados serão catastróficos”, alertou.
Quem também divulgou um relatório cobrando, entre outras medidas, uma redução drástica dos combustíveis fósseis foi a Organização Mundial da Saúde. A OMS destacou que 99% dos habitantes do planeta respiram ar fora dos padrões de qualidade, e o resultado é devastador: 7 milhões de mortes que poderiam ser evitadas.
As partículas finas de poluentes são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, provocando impactos respiratórios, cardiovasculares e até derrames. Para melhorar o ar que respiramos, a OMS pediu mais investimentos em transporte público, por exemplo.
Diante de uma pergunta da repórter Bianca Rothier sobre o Brasil, a especialista foi clara: “Queremos que o país faça ainda mais.”