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Poeira na atmosfera ajuda a regular carbono e nutrir o oceano

Poeira na atmosfera ajuda a regular carbono e nutrir o oceano

Pesquisadores da Oregon State University, nos Estados Unidos, calcularam pela primeira vez o quanto a poeira mineral presente na atmosfera fornece nutrientes para a base da cadeia alimentar no oceano. Esse material particulado, proveniente do solo, ainda ajudaria o planeta na remoção de carbono atmosférico.

“Essa foi a primeira vez que isso foi demonstrado, usando dados coletados em escala global, que os nutrientes carregados na poeira depositada nos oceanos geram uma resposta na biologia da superfície deles,” explica Toby Westberry, principal autor do estudo. Até o presente momento, nenhum estudo havia se dedicado a estudar a ação constante desse fenômeno, se limitando a analisar contribuições da poeira de eventos específicos, como incêndios florestais e erupções vulcânicas.

Poeira na atmosfera sobre península da Coreia. As partículas contribuem para a remoção de carbono na atmosfera, indica estudo (Imagem: NASA/Oregon State University)

Enquanto o oceano naturalmente mantém nutrientes chegando a sua superfície por um processo chamado afloramento ou ressurgência — que traz de volta estas substâncias de águas profundas — a poeira mineral é um adicional importante. A pesquisa revelou que, em média, cerca de 4,5% da remoção de carbono no planeta é impulsionada pela contribuição da poeira no oceano. Em algumas regiões, porém, esse número pode ser ainda maior, alcançando a casa de 20 a 40% de contribuição.

Para chegar a estas conclusões, o grupo de cientistas usou imagens de satélites e modelos matemáticos para calcular a partir delas a quantidade de poeira depositada em determinados períodos de tempo. Os pesquisadores conseguiram identificar dessa forma que em regiões mais próximas da Linha do Equador, a poeira não leva a aumento da população de fitoplâncton, apenas a torna mais saudável. À medida que a distância até o Equador cresce, o papel da poeira passa ser o de aumentar a abundância destes organismos.

Imagem conceitual do satélite PACE, missão da NASA a ser lançada em 2024 que deve dar continuidade a esse estudo (NASA Goddard Space Flight Center)

A equipe pretende dar continuidade a estes estudos, especialmente com os dados que serão coletados pela missão PACE da NASA (Plankton, Aerosol, Cloud, Ocean Ecosystem), cujo satélite tem lançamento planejado para 2024. O PACE contará com um instrumento chamado HARP2, desenvolvido por cientistas da Universidade de Maryland que também participaram deste estudo.

Este sensor irá permitir cálculos mais precisos de quantidade e composição de partículas suspensas na atmosfera, algo que Westberry e seus colegas suspeitam que se tornará cada vez mais importante. “À medida que o planeta continua esquentando, a ligação entre atmosfera e oceano vai se transformar,” conclui.