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Pesquisadores desenvolvem fios para roupas a partir da fibra do caule da bananeira

Pesquisadores desenvolvem fios para roupas a partir da fibra do caule da bananeira

O processo de transformação é 100% verde. Não leva nenhum produto químico. E a vantagem é que, ao contrário de outras fibras naturais, a produção agrícola requer menos água e agrotóxicos.

Um país que investe em educação colhe resultados em todas as áreas, porque o conhecimento gera mais pesquisas, que produzem mais conhecimento. É com a dinâmica do conhecimento que a ciência produz vacinas, por exemplo – ou mesmo coisas mais simples, como roupas.

É uma moda que veio para ficar: roupa com etiqueta de sustentabilidade. Essa preocupação dos tempos atuais levou os pesquisadores do Instituto de Inovação em Biosintéticos e Fibras do Senai no Rio a testar novos materiais para a indústria têxtil.

Olhando, não dá para dizer que o fio foi produzido a partir de uma matéria-prima que costuma ser descartada – e que é farta no Brasil. Uma fibra natural que não tinha nenhum valor, mas que agora, depois de dois anos e meio de pesquisas, pode se transformar em tecido. As roupas são feitas de fibra do caule da bananeiraE matéria prima não falta. O Brasil é o quarto maior produtor de banana do mundo. Mas depois que se colhe a fruta, o caule vira resíduo. Virava.

Essa aqui é a fibra do caule da bananeira praticamente em estado bruto. E isso aqui vai virar tecido?, pergunta a repórter.

“Justamente. É uma oportunidade que tem de pegar e passar esse caule por etapas onde a gente vai transformar isso em uma fibra que pode ser misturada com outras fibras e dar novos materiais”, explica Adriano Passos, coordenador da Área de Inovação e Fibras SENAI/CETIQT.

O processo de transformação é 100% verde. Não leva nenhum produto químico. E a vantagem é que, ao contrário de outras fibras naturais – como, por exemplo, o algodão -, a produção agrícola requer menos água e agrotóxicos.

Produtos que respeitam o meio ambiente, produção com menos resíduos, reutilização de recursos. A indústria corre para se adaptar a essa nova realidade. Uma necessidade do planeta, uma exigência do mercado e um desejo do próprio consumidor.

“Hoje, todos querem saber como o produto é produzido, quanto que ele gerou de emissões, se a empresa tem um trabalho social, se ela tem gestão de resíduos. O Brasil tem hoje 20% da biodiversidade mundial, 15% só na Amazônia. Daí o nosso potencial de desenvolver cada vez mais essa agenda”, diz Davi Bomtempo, gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da SNI.

O que sai das máquinas é um tecido ecológico, reciclável e ainda mais barato.

“Pode chegar até a 20%, 30% de queda no custo do produto”, afirma Adriano Passos, coordenador da Área de Inovação e Fibras SENAI/CETIQT.

A fibra da bananeira passou em todos os testes: resistência, conforto. Em breve, o que era jogado fora, desprezado, deve estar desfilando por aí, levando a mensagem de um futuro onde a consciência está na moda.