Pesquisadores alertam sobre presença de espécie invasora que ameaça à biodiversidade e ao turismo
Ele é lindo, mas infelizmente, uma praga. Pelo menos no litoral brasileiro. O coral-sol (Tubastraea tagusensis), que não é nativo dos nossos mares, mas originário da região de Galápagos, se prolifera de maneira agressiva, roubando alimentos das espécies locais, se alastrando pelo habitat de outros animais marinhos e matando tecidos de outros corais, deixando os recifes menos coloridos.
A presença desse coral invasor foi detectada no litoral brasileiro há alguns anos. Em 2017, escrevi em outra reportagem, sobre uma expedição que retirou milhares de colônias desses corais do Arquipélago de Alcatrazes, situado a 43 km da costa de São Sebastião, no estado de São Paulo.
Agora pesquisadores do Laboratório de Ictiologia e Conservação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) relataram a descoberta de milhares de colônias de coral-sol em um naufrágio no município de Jequiá da Praia, no litoral sul de Alagoas. A presença da espécie nessa região é preocupante porque há temor que ela se prolifere e atinja a maior barreira de corais do oceano Atlântico Sul e uma das maiores do mundo: a Costa dos Corais – uma área de proteção ambiental (APA) e a maior unidade de conservação federal marinha costeira do Brasil, com mais de 400 mil hectares e cerca de 120 km de praia e mangues.
De acordo com o comunicado divulgado pela equipe da UFAL, durante o mergulho de seus pesquisadores, foram removidas 53 colônias de coral-sol.
“Diversos estudos já demonstraram que esse invasor vem causando impactos negativos em corais e peixes nativos, modificando funções ecológicas importantes”, diz Cláudio Sampaio, professor e pesquisador da UFAL.
Junto o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas serão definidas medidas para a retirada dos corais e ações para conter sua proliferação.
Os cientistas ressaltam a importância da colaboração de mergulhadores e empresas do setor para identificar a presença da espécie invasora em nosso litoral.
Acredita-se que os corais invasores chegaram ao Brasil incrustados em cascos de navios e plataformas de petróleo. Foi na década de 80 que eles foram observados pela primeira vez em rochedos, próximos ao litoral do Rio de Janeiro.
Já foi registrada na costa brasileira também outra espécie do coral-sol, o Tubastraea coccinea, que no passado era encontrado apenas no Oceano Pacífico.
Registro do coral-sol encontrado no naufrágio em Alagoas
(Foto: divulgação UFAL)
*Com informações e entrevista concedida ao Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas
Suzana Camargo
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
