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Pesquisa relata presença de nanoplásticos em áreas de grande altitude

Pesquisa relata presença de nanoplásticos em áreas de grande altitude

A presença de microplásticos já foi comprovada nos cantos mais remotos da Terra, porém, existe uma ameaça bem pior — os nanoplásticos. Nanoplásticos são partículas de plástico ainda menores que os microplásticos, que são produzidos após a degradação do material.

A capacidade de proliferação dessas partículas é imensa. Por seu tamanho reduzido, nanoplásticos são capazes de viajar pelo ar em forma de aerossol. Cientistas informam que a movimentação desse plástico pode ser comparada com gás.

Por conta de sua leveza, estamos respirando nanoplásticos que viajam pelo ar.

Anteriormente, poucas pesquisas consultaram a proliferação do material, porém, um novo estudo realizado na Áustria mostrou resultados surpreendentes. É estimado que certos nanoplásticos consigam viajar mais de 2 mil quilômetros pelo ar, sendo transportados tanto pelo vento quanto pelas ondas do mar.

A pesquisa foi realizada por um time da Universidade de Utrecht, na Holanda, que analisou amostras de neve localizadas nos alpes austríacos — um lugar remoto e de altitude elevada (mais de 3 mil metros).

Os resultados conseguiram rastrear a localização anterior desses plásticos. Foi observado que a maioria do material acumulado na neve eram de locais densamente populados, porém, 30% deles vinham de áreas em um raio de 200 quilômetros, incluindo cidades grandes como Londres, Munique, Paris e Amsterdã. Além disso, 10% dos nanoplásticos foram rastreados de áreas mais longe ainda — 2 mil quilômetros. De acordo com os especialistas da pesquisa, essas partículas de plástico saíram do Oceano Atlântico e retornaram à atmosfera.

A produção do plástico teve um aumento de 79% só entre 2000 e 2015. Além disso, acredita-se que a massa total do material seja de duas vezes a massa de todos os mamíferos presentes no planeta. Cerca de 80% de todos os plásticos que já foram produzidos na história ainda estão presentes no meio ambiente. E, mesmo assim, especialistas acreditam que a sua confecção pode aumentar.

Enquanto os números da pesquisa da Universidade de Utrecht não são exatos, cientistas estimam que cerca de 3 mil toneladas de nanoplásticos cubram a Suíça todo ano.

Esses números são preocupantes, mesmo não sabendo exatamente qual o impacto desse material no nosso organismo. A presença de microplásticos no corpo humano já foi analisada, uma pesquisa sugere que essas partículas podem resultar em dano celular.

Contudo, pouco se sabe sobre os nanoplásticos. As partículas menores viajam pelo ar e são extremamente fáceis de serem inaladas. Alguns especialistas acreditam que os materiais menores que um micrômetro são capazes de penetrar profundamente nos pulmões.

A preocupação, contudo, se apresenta por conta de sua quantidade. Se os nanoplásticos são encontrados nas áreas mais remotas da Terra, a probabilidade de serem facilmente encontrados em áreas altamente populadas é maior ainda.

Comparando os resultados da pesquisa dos alpes austríacos com um estudo realizado nos pirineus franceses em 2019, cientistas conseguiram comprovar a presença de 2,8 vezes mais microplásticos na Áustria.