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Pesquisa aponta que maioria dos brasileiros sabe da importância de preservar os oceanos

Pesquisa aponta que maioria dos brasileiros sabe da importância de preservar os oceanos

Mas levantamento revela que pouca gente está disposta a mudar hábitos que poluem as águas.

Um estudo revelou que a grande maioria dos brasileiros reconhece a importância de preservar os oceanos, mas que pouca gente está disposta a mudar hábitos para que isso aconteça.

Fotos mostram Maria Fernanda fazendo uma das coisas que mais gosta: remar na Baía de Guanabara. E foi num encontro com pescadores, remando, que a engenheira teve uma ideia.

“Perguntei o que os redeiros, que são os senhores que ficam costurando as redes, o que eles faziam com aquelas redes. Eles falaram que jogavam fora. Isso me causou espanto porque eram montanhas de redes e aí eu tive a ideia de reaproveitá-las”, conta Maria Fernanda.

Agora com a ajuda de artesãos, ela transforma as redes descartadas em bolsas; 5% do lucro com as vendas vão para os pescadores.

O trabalho é uma retribuição a um ecossistema que garante a vida na Terra. Os oceanos produzem 54% do oxigênio que nós respiramos.

Oceanos produzem 54% do oxigênio que nós respiramos — Foto: Jornal Nacional

Oceanos produzem 54% do oxigênio que nós respiramos — Foto: Jornal Nacional

Uma pesquisa realizada pela Unifesp, a Unesco e a Fundação Grupo Boticário revela que sete de cada dez brasileiros têm consciência da importância dos mares. Mas 40% ainda não associam como suas atividades podem impactar esse ecossistema.

A ciência já comprovou: da compra de produtos ao descarte de resíduos, muitas escolhas do consumidor influenciam diretamente a qualidade da água dos mares. E não importa se a pessoa mora no litoral ou longe dele. O oceano sempre acaba pagando a conta pela falta de cuidado com o meio ambiente.

Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura identificou 1,4 mil pontos de descarte ilegal de lixo. Boa parte acaba levada pela chuva aos rios.

Hábitos cotidianos, sem má intenção, também são um problema. Como os microplásticos desprendidos das roupas que partem de nossas máquinas e tanques de lavar. É questão de tempo para tudo isso chegar ao mar.

“Em qualquer lugar desse país, um corpo d’água, um riozinho, uma hora vai chegar num rio maior que chega no oceano. E acaba sendo consumido pelos peixes e, então, retornam para a cadeia alimentar, inclusive podendo influenciar a saúde humana”, explica o responsável técnico da pesquisa e professor da Unifesp, Ronaldo Christofoletti.

Se ainda é difícil mudar o guarda-roupas, um condomínio de São Paulo já deu um grande passo. Há três anos, o síndico contratou uma empresa para garantir que o lixo reciclável tenha um destino certo.

“Existem cooperativas que fazem parte dessa empresa, que tratam esse lixo reciclado. Enfim, a vida é constituída de partes. A nossa nós estamos procurando fazer”, diz o síndico José Carlos Martinelli.

Segundo o levantamento, mais de 80% dos entrevistados também querem fazer a sua parte. Mas só 25% estão dispostos a agir para essa mudança.

Esses dados serão apresentados na Conferência dos Oceanos, no fim do mês, em Lisboa.

O evento faz parte da década do oceano, decretada pela ONU para que todo mundo reflita sobre a importância dos mares.

A Maria Fernanda já entendeu o recado. E até no momento de lazer, quando está remando, ela para quando vê lixo no mar.

“Já meio que brigaram comigo. Eu falei que a minha prioridade aqui não é remar sabe. É tirando o que eu posso e eu me sinto, assim, fazendo o que eu posso assim sabe. Eu acho que a gente tem que fazer mais”, conta Maria Fernanda.