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“Peixe branco”? Comida de pet pode ter carne de tubarões ameaçados

“Peixe branco”? Comida de pet pode ter carne de tubarões ameaçados

Molhos de carne, especialmente de peixe, podem ter escondidas ali espécies ameaçadas pela pesca industrial, muitas vezes rotuladas de “peixe branco” nas embalagens

A atenção aos rótulos faz parte da rotina das compras no supermercado, seja por alergias alimentares ou preocupações ambientais. Mas e a comidinha do seu pet? Molhos de carne, especialmente de peixe, podem ter escondidas ali espécies ameaçadas pela pesca industrial.

Estima-se que a população de tubarões diminuiu 70% nos últimos 50 anos devido à pesca em alto-mar. Visados por suas barbatanas, a carne dos tubarões não tem o mesmo valor, o que faz com que ela acabe nos sachês que tutores compram regularmente para seus bichinhos.

A legislação que rege as embalagens das comidas para animais tampouco segue as mesmas orientações que a indústria alimentícia humana, podendo assim referir-se a peixes ameaçados apenas como “peixe branco”, ou “peixe oceânico”, alerta uma pesquisa feita em Cingapura pela universidade Yale-NUS publicada pelo jornal britânico The Guardian.

“Donos de pets provavelmente são amantes da natureza, e achamos que a maioria ficaria alarmada ao descobrir que eles podem estar contribuindo sem saber para a pesca excessiva de populações de tubarões”, afirmam os autores do estudo, Ben Wainwright e Ian French.

Usando código de DNA, os cientistas testaram 45 produtos de ração para animais de estimação de 16 marcas em Cingapura, a maioria com termos genéricos como “peixe”, “peixe do oceano”, “isca branca” ou “peixe branco” na lista de ingredientes.

Algumas marcas sequer indicaram peixe na composição dos produtos.

Das 144 amostras sequenciadas, 45 – aproximadamente um terço – continham DNA de tubarão, com pelo menos cinco espécies consideradas vulneráveis pela International Union for Conservation of Nature (IUCN).

O objetivo dos autores é pressionar por uma rotulagem de ingredientes mais precisa, assim os consumidores, pets, e principalmente seus tutores, possam saber a origem do alimento para os animais de estimação.

“Não há regras específicas”, afirmou ao Guardian o Dr Andrew Griffiths, ecologista da Universidade de Exeter. “Você pode estar prejudicando praticamente qualquer peixe sem querer.”