Partes da Grande Barreira dos Corais mostram recuperação recorde, mas santuário marinho segue frágil
Cobertura de corais em 2021 mostrou bons índices de recuperação, mas temperaturas altas ameaçam a colossal “floresta submarina”
Cientistas anunciaram nesta quinta-feira (04) uma boa notícia em relação à Grande Barreira dos Corais, na Austrália: as partes central e norte do grande recife, que tem mais de 2 mil km de extensão, tiveram o melhor registro de cobertura saudável em 36 anos. Ao mesmo tempo, os pesquisadores alertaram que esta recuperação é frágil e pode ser revertida pelo aquecimento global, que afeta a temperatura e a acidez dos oceanos.
Outro fator que fragiliza a cobertura do enorme recife é o fato de que a maioria dos corais registrados é alimento para estrelas-do-mar, conhecidas por um “apetite voraz”.
A cobertura de corais está para a Grande Barreira como as árvores para uma floresta. Na região norte da barreira, o monitoramento mostra que a cobertura de corais foi em média de 36%. Os níveis mais baixos na mesma área já ficaram em 13%, registrados em 2017.
O recife, que devido ao seu colossal tamanho é considerado importante para a vida marinha como um todo, vem sofrendo branqueamentos – quando corais ficam claros, principalmente devido às mudanças climáticas. Esses eventos, que atingem em massa os corais na Oceania e mesmo no Brasil, vêm sendo registrados com frequencia nos últimos anos.
O branqueamento não significa a morte imediata do coral, mas é um sinal de extrema desnutrição, o que prejudica o funcionamento destes organismos e sua capacidade de alimentar peixes e outros animais marinhos.
Ainda sobre a última observação da cobertura da Grande Barreira, a presença de corais teve uma média de 33% da área central – outro recorde em comparação com a baixa de 2019, que foi de 14%. Na região sul, a cobertura média de corais caiu de uma estimativa de 38% para 34%.
No início deste ano, temperaturas oceânicas excepcionalmente quentes causaram o primeiro branqueamento em massa durante em um ano de La Niña – até então um evento do clima que costumava ajudar os corais.
O primeiro branqueamento em massa no recife foi registrado em 1998, mas desde então os corais foram atingidos em 2002, 2016, 2017, 2020 e novamente no início deste ano.
“O fato de termos quatro eventos de branqueamento nos últimos sete anos e o primeiro em um ano de La Niña é realmente preocupante”, afirma Mike Emslie, que lidera o programa de monitoramento do Instituto Australiano de Ciências Marinhas, em entrevista ao jornal The Guardian.
Metade dos corais considerados no monitoramento foram analisados antes do último branqueamento em massa, o que não invalida os dados sobre a capacidade de recuperação do coral, mas deixa uma lacuna entre o estado de parte da Grande Barreira no momento da pesquisa, no ano passado, e hoje, após o branqueamento do início do ano.