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Paraíba inaugura 1º complexo associado de energia solar e eólica

Paraíba inaugura 1º complexo associado de energia solar e eólica

A energia gerada pelo complexo é suficiente para abastecer 1,3 milhão de residências

O primeiro complexo de geração associada de energia renovável no Brasil foi lançado na última quarta-feira (22). Localizado no sertão da Paraíba, o Complexo Renovável Neoenergia integra a geração de energia eólica e solar em uma área arrendada de 8.700 hectares. O local abrange os municípios de Santa Luiza, Areia de Baraúnas, São José de Sabugi e São Mamede.

A energia gerada pelo complexo associado é de 0,6GW, suficiente para abastecer 1,3 milhão de residências por ano. Pioneiro no país, o projeto destaca-se pela sinergia entre os ativos dos parques eólicoe solar com a subestação e linha de transmissão, com extensão de 345 quilômetros. Essa característica otimiza o uso da rede de transmissão em função da complementaridade das fontes, permitindo uma gestão mais eficiente e a redução de custos.

“Acreditamos que o caminho promissor para um futuro mais econômico e sustentável aponta para a geração de energia por fontes renováveis integradas através de redes inteligentes. Com o Complexo Renovável Neoenergia, alcançamos 90% da capacidade instalada em energia limpa”, afirma o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui. O executivo acrescenta que o empreendimento contou com financiamento de instituições nacionais e internacionais, somando cerca de R$ 3,5 bilhões.

Complexo de energia renovável

O complexo de energia renovável é composto por dois parques: Neoenergia Chafariz e Neoenergia Luzia. Formado por 15 parques eólicos e 136 aerogeradores, a Neoenergia Chafariz atua com capacidade instalada de 471,2 MW, já em operação plena desde início de 2022. Já as duas plantas de Neoenergia Luzia, com 228 mil painéis e potência instalada de 149,2 MWp, marcam a estreia da companhia na geração fotovoltaica centralizada.

A geração associada de diferentes fontes energéticas é uma inovação regulatória recente no país dentro do conceito de hibridação de fontes e otimização do setor. O processo do empreendimento da Neoenergia foi aprovado pela Aneel no segundo semestre de 2022.

Complexo de energia renovável
O parque solar conta com 228 mil painéis. | Foto: Neoenergia

“Essa estratégia teve o objetivo de aproveitar, de forma eficiente, os recursos dos complexos eólico e solar, valorizando a complementaridade dessas fontes com inovação tecnológica e otimização do uso da rede de transmissão”, ressalta a diretora-executiva de Renováveis, Laura Porto. “De forma combinada, o parque gerador e a linha de transmissão inauguram um novo modelo de negócio”, complementa.

Com a energia limpa produzida no Complexo Renovável Neoenergia, será possível evitar a emissão de mais de 100 mil toneladas de CO2 por ano, apoiando o combate às mudanças climáticas.

Aspectos sociais

A empresa também destaca que o complexo de energia renovável gera benefícios socioeconômicos para a região. Foram realizadas mais de 680 horas de aulas de capacitação, em que foram treinadas cerca de 180 pessoas como pedreiro, carpinteiro e ferreiro. Outras 150 pessoas também foram formadas em cursos de montador de estruturas metálicas de placas solares. Dos mais de 3,6 mil empregos diretos e indiretos criados desde a construção dos parques e da linha de transmissão, 40% foram de mão de obra local.

A implantação dos parques ainda enfrentou um grande desafio durante a pandemia de Covid-19. A Neoenergia criou um protocolo que, segundo a mesma, se tornou referência para o setor elétrico brasileiro no que se refere à prevenção e cuidados dos empregados e da população local. Ainda afirma que foram mais de sete milhões de horas trabalhadas sem acidentes com afastamento.

Outro exemplo de iniciativa voltada para a região é o Programa SER, que promove ações em 14 comunidades da Paraíba e do Rio Grande do Norte – já tendo atendido 775 famílias desde 2020. A iniciativa atua em três eixos: saúde, educação e renda.

O que são usinas híbridas?

A Central Geradora Híbrida (UGH) é uma instalação para a produção de energia elétrica utilizando a combinação de mais de uma tecnologia, entre elas, eólica e solar, hidráulica e fotovoltaica, entre outras fontes integradas.

Para que seja considerado híbrido, o projeto deve ter uma única medição e uma única outorga, que é a autorização concedida pelo poder público para o projeto. No setor elétrico, o órgão responsável pela concessão para as empresas de geração é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

O que são usinas associadas?

As centrais geradoras associadas também integram duas ou mais fontes de energia, mas a diferença entre elas e as usinas híbridas está na outorga e na medição, que serão necessariamente distintas. As associadas obrigatoriamente compartilham a infraestrutura de conexão ao sistema elétrico de transmissão.

Para projetos se associarem estes devem, obrigatoriamente, serem de fontes distintas. Todavia, não há ordem estabelecida para a entrada em operação comercial ou para a obtenção da outorga. Quaisquer dos projetos poderão já estar em operação, sem prejuízo de uma associação posterior com o outro parque, desde que atendidos certos condicionantes.

Vantagens das usinas híbridas e associadas

A otimização do uso da rede elétrica é o principal benefício da geração de energia por diferentes fontes que compartilham a mesma infraestrutura de transmissão. Como a energia renovável é intermitente, dependendo da disponibilidade dos recursos naturais para a produção, nos momentos em que um deles não é suficiente, o outro pode suprir a demanda utilizando um “espaço ocioso” na rede de transmissão, sem necessidade de expansão da mesma.

Complexo de energia renovável
Diferentes fontes de energia compartilham a mesma infraestrutura de transmissão. | Foto: Neoenergia

Na integração de plantas eólicas e solares, enquanto as fotovoltaicas têm o melhor desempenho no meio de dias ensolarados, os ventos mais adequados para a geração de energia normalmente acontecem à noite porque, sem o sol, há uma mudança na temperatura que provoca a movimentação do ar. Assim, ocorre uma complementaridade entre as fontes.

Com isso, especialmente para as usinas híbridas, é possível também dar mais previsibilidade aos projetos renováveis, reduzindo a variabilidade da geração ao longo do tempo.

As regras para as usinas híbridas e associadas foram aprovadas pela Aneel no fim de 2021 e estão na Resolução Normativa No.954 do órgão regulador. O documento apresenta as definições das duas modalidades de usinas.