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Ondas de calor extremo, cidades submersas, falta de comida: saiba como será o mundo se o aquecimento global ultrapassar a meta de 1,5°C

Ondas de calor extremo, cidades submersas, falta de comida: saiba como será o mundo se o aquecimento global ultrapassar a meta de 1,5°C

Especialistas preveem um futuro “semi-distópico”, com fome, conflitos e migrações em massa

Acordo de Paris, assinado em 2015, tem como objetivo limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC. Mas centenas dos principais cientistas climáticos do mundo acreditam que as temperaturas globais irão subir para pelo menos 2,5°C acima dos níveis pré-industriais neste século, causando consequências catastróficas para a humanidade e o planeta, de acordo com uma pesquisa exclusiva realizada pelo The Guardian.

“Penso que estamos caminhando para uma grande perturbação social nos próximos cinco anos”, disse Gretta Pecl, da Universidade da Tasmânia, ao jornal britânico. “[As autoridades] ficarão sobrecarregadas com evento extremo após evento extremo, a produção de alimentos será interrompida. Eu não poderia sentir maior desespero em relação ao futuro.”

Um grupo menor de cientistas espera uma situação ainda pior, com um aumento de pelo menos 3°C. Mas, numa situação como essa, o que aconteceria? Muitos dos consultados pelo The Guardian, todos participantes de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) desde 2018, preveem um futuro “semi-distópico”, com fome, conflitos e migrações em massa, impulsionados por ondas de calor, incêndios florestais, inundações e tempestades com uma intensidade e frequência muito superiores às que já ocorreram.

Confira a seguir o que pode acontecer conforme o planeta aquece:

2ºC: a onda brutal de calor que atingiu o noroeste do Pacífico em 2021 seria 100-200 vezes mais provável. O aumento dos danos diretos causados pelas inundações em todo o mundo duplicaria.

2,7ºC: dois bilhões de pessoas seriam empurradas para fora do “nicho climático da humanidade”, ou seja, das condições benignas em que toda a civilização surgiu ao longo dos últimos 100 mil anos.

3ºC: cidades como Xangai (China), Rio de Janeiro (Brasil), Miami (Estados Unidos) e Haia (Holanda) ficariam submersas.

Acima de 3ºC: o impacto dos choques climáticos em um determinado local irá se propagar em cascata por todo o mundo, através de aumentos nos preços dos alimentos, escassez de comida e água, cadeias de abastecimento quebradas e milhões de refugiados.

Desistir não é uma opção

Apesar de 80% dos cientistas entrevistados pelo The Guardian acreditarem que o Acordo de Paris não será cumprido, eles deixaram claro que desistir não é uma opção e que 1,5ºC não é um precipício que conduz a uma mudança significativa nos danos climáticos. Em vez disso, a crise climática aumenta gradualmente.

“As mudanças climáticas não se tornarão subitamente perigosas a 1,5ºC – já o são – e não será o ‘fim do jogo’ se ultrapassarmos os 2ºC, o que podemos muito bem fazer”, comentou o professor Peter Cox, da Universidade de Exeter, do Reino Unido.

Henri Waisman, do instituto de investigação política IDDRI, da França, completou: “As mudanças climáticas não são uma questão de preto ou branco e cada décimo de grau é muito importante, especialmente quando se olha para os impactos socioeconômicos. Isso significa que ainda é útil continuar a luta.”