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O que é Carbono Azul e por que ele é importante?

O que é Carbono Azul e por que ele é importante?

“Carbono azul” é um termo para o carbono capturado pelos oceanos e ecossistemas costeiros do mundo. Florestas de mangue, pântanos de maré e leitos de ervas marinhas são as principais áreas costeiras com vegetação que armazenam grandes quantidades de carbono.

Ele não é realmente azul, certamente – o nome refere-se à cor do oceano -, mas o carbono azul é uma ferramenta essencial na redução dos efeitos das mudanças climáticas.

O que poucos sabem é que, apesar de sua pequena extensão global, os ecossistemas de carbono azul armazenam quantidades muito maiores de carbono por unidade de área do que as florestas de terra firme, explica Lori Gorczynski, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos EUA.

O carbono se move através de um ciclo na Terra: Ele é intercambiado entre a atmosfera, os oceanos e a superfície terrestre em diferentes formas. O dióxido de carbono (CO2) na atmosfera é usado pelas plantas para o seu metabolismo. As plantas então armazenam o carbono em várias formas de carboidratos e proteínas. Quando elas se decompõem, o carbono é liberado de volta para a atmosfera, criando um ciclo de carbono.

O que os cientistas acreditam é que a liberação de CO2 pelas atividades humanas está alterando esse equilíbrio, contribuindo para as mudanças climáticas e, sobretudo, para o aumento da temperatura média do planeta. Assim, evitar que o dióxido de carbono vá para a atmosfera tornou-se uma questão premente.

Sumidouro de carbono

As florestas terrestres são largamente reconhecidas por seu papel no ciclo do carbono, mas os ecossistemas de carbono azul são altamente produtivos no armazenamento de carbono. A princípio, eles capturam e armazenam carbono em sua biomassa viva acima do solo (caules, folhas e galhos), como uma floresta de terra firme. Mas é o que acontece abaixo da superfície que torna os ecossistemas costeiros mais eficientes no armazenamento de carbono do que os terrestres.

Em uma floresta terrestre, o material vegetal que vai ao solo é exposto ao ar e se decompõe. Nos oceanos e ecossistemas costeiros, o solo está frequentemente debaixo d’água o tempo todo, ou exposto a um molhamento contínuo das marés. Esses solos são deficientes em oxigênio, que é necessário para decompor a serapilheira, a camada de folhas e galhos que cobre o solo de uma floresta.

Assim, os dejetos vegetais em ecossistemas de carbono azul não se decompõem tão rapidamente quanto seus equivalentes terrestres. Sem oxigênio, os microrganismos do solo responsáveis pela decomposição da matéria orgânica não são capazes de trabalhar com a mesma eficiência. Isso permite que o carbono se acumule e fique preso nos solos por longos períodos de tempo – tornando-os ótimos no armazenamento de carbono.

Entre metade e 99% do carbono azul armazenado em florestas de mangue, pântanos de maré e leitos de ervas marinhas, está localizado abaixo da superfície, nos solos e sedimentos. Se não perturbadas, essas áreas atuam como sumidouros de carbono a longo prazo. Lá, o carbono pode permanecer sequestrado por milênios!

O que é Carbono Azul?

Um tapete de raízes pode ser visto na extremidade direita da fita métrica. A camada cinza, de solo mineral, contém menos carbono.
[Imagem: M. Ricker]

Serviços ecossistêmicos

Os ecossistemas de carbono azul também são influenciados pelas marés e correntes oceânicas (por isso o “azul” vem da cor do oceano), que podem transportar carbono orgânico de fontes externas para o ecossistema, que é então enterrado e armazenado.

Além de seu valioso papel no ciclo global do carbono, os ecossistemas de carbono azul fornecem muitos serviços ecossistêmicos adicionais, incluindo proteção contra inundações e tempestades e filtragem de poluentes e sedimentos. Eles são um habitat essencial que suporta a biodiversidade e a pesca.

Apesar disso, eles estão entre os ecossistemas mais ameaçados do mundo.

Um terço das áreas de manguezais, pântanos e ervas marinhas já estão perdidos por décadas de dragagem, enchimento, desenvolvimento e poluição. Além disso, a mudança climática e o aumento do nível do mar associado têm o potencial de inundar e erodir pântanos de maré e florestas de mangue.

Quando esses ecossistemas são danificados ou erodidos, o carbono que já foi armazenado é liberado de volta ao ciclo do carbono, onde pode entrar na atmosfera como CO2. Por isso, é importante restaurar e proteger esses ecossistemas para que possam continuar armazenando carbono azul e atuando como um “sumidouro” de carbono.