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O maior de água doce do mundo, agora é ‘Bioparque Pantanal’ e abrirá em maio para o público

O maior de água doce do mundo, agora é ‘Bioparque Pantanal’ e abrirá em maio para o público

Aquário do Pantanal foi o nome popular e simpático que o ex-governador André Pucinelli, do Mato Grosso do Sul, deu ao Centro de Pesquisa e Readaptação da Ictiofauna Pantaneira. Pegou fácil, mas agora, dez anos depois de iniciado o projeto, ganhou outra denominação. A obra complexa custou R$ 230 milhões e foi rebatizada: Bioparque Pantanal – Espaço de Experiência e Conhecimento.

O complexo instalado no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, tem 19 mil m2 de área construída e abriga o maior aquário de água doce do mundo. Com a reestruturação, ganhou nova ambição: será o maior laboratório de peixes pantaneiros do mundo.

Foto: José Sabino/Natureza em Foco
Hoje, 28/3, o governo do Estado inaugurou a obra apenas para visitação das escolas, e também para dar início ao treinamento de monitores e para a finalização da montagem.

Para o público, o novo bioparque será aberto somente em maio, com entrada gratuita até o final deste ano. A capacidade diária é de 300 visitantes, 150 em cada período.

José Sabino, biólogo, doutor em ecologia e ictiólogo, participou do início do projeto no governo de Puccinelli e tem um apreço especial pela obra. Hoje, declarou seu entusiasmo na inauguração:

“Campo Grande ganha uma “janela” para observar a biodiversidade do Pantanal. Após quase uma década de atraso foi inaugurado o Bioparque do Pantanal, obra concebida desde o princípio para ser um equipamento de lazer, pesquisa, entretenimento e educação. Ao revelar a biodiversidade aquática para a sociedade, o Aquário do Pantanal – sempre será assim, para mim – tem potencial para ser transformador, fomentando a conexão das pessoas ao mundo natural, em especial com os peixes do Pantanal”.

Na foto que Sabino produziu com drone, dá pra ver melhor a magnitude da obra.

Foto: José Sabino/Natureza em Foco
220 espécies de peixes neotropicais e outros bichos
O principal atrativo do projeto é o circuito do aquário – com 23 tanques internos e 8 externos -, que vai abrigar 220 espécies de peixes neotropicais, sendo 151 do Pantanal, 55 da Amazônia e as demais da América Central. E ainda farão parte espécies da África, Ásia e Oceania.

O sistema – que armazena 5 milhões de litros de água! – ainda possui um tanque de abastecimento e outro de descarte de efluentes.

Foto: José Sabino/Natureza em Foco
Sabino ressalta que, “há cerca de 40 ou 50 anos, existe um conhecimento muito consolidado sobre o manejo de espécies de peixes marinhos. Os 50 grandes aquários do mundo são marinhos. Ao contrário do que acontece com os peixes de água doce – em especial, com os neotropicais”.

Devido a falta de estudos e experimentos com peixes de água doce no mundo, o projeto teve um desafio enorme: a equipe liderada pelo ictiólogo Heriberto Gimenes precisou aprender a cuidar desses peixes, em todos os detalhes: o que dar de alimento, como manter os animais saudáveis, como adotar boas práticas visando seu bem-estar.

O projeto ainda é composto por uma grande área externa, que representa ambientes diversos do Pantanal e entorno, com algumas espécies típicas da vegetação, da flora e da fauna (veja as imagens no final do post).

Uma passarela (foto abaixo) complementa a trajetória do visitante e o conduz a um mirante, onde se pode contemplar aves e outros animais.

Foto: José Sabino/Natureza em Foco
Turismo, educação, pesquisa e conservação ambiental
O novo Bioparque Pantanal também é uma obra de incentivo ao turismo na região e uma forma de aproximar o público da natureza, por isso, tem, como missão, promover educação, pesquisa e conservação ambiental.

Para tanto, contempla o desenvolvimento de projetos de pesquisa e de conservação de espécies, com o objetivo de valorizar o bem-estar dos animais. E também de educação ambiental, visando ampliar o conhecimento dos visitantes a cerca de importância da preservação da natureza.

Nesse sentido, para oferecer atividades e experiências diversas ao público, o projeto também tem uma biblioteca interativa e pedagógica, um museu arqueológico, laboratórios de educação ambiental, de química, robótica e de pesquisa cientifica, além de um centro de convenções.

O biólogo José Sabino resume bem: “Muito mais do que um atrativo turístico, a obra pode educar as pessoas, incluindo tomadores de decisão, para um tema atual, sensível e negligenciado. Pode, ainda, influenciar positivamente toda uma geração de cidadãos, verdadeiramente comprometidos com a sustentabilidade. Por meio de uma experiência genuína de contato com elementos da natureza, a vida das águas brasileiras poderá ser compreendida em suas múltiplas dimensões”. E acrescenta:

“O conceito expositivo está sintonizado com a chamada ciência cidadã, com conteúdo educativo que transcende a sala de aula e instiga à reflexão sobre conexões com a biodiversidade, promotoras de bem-estar e saúde“.

Como visitar
Para visitar o bioparque, não basta querer. É preciso se cadastrar no site, que ainda está sendo finalizado, e marcar dia e hora. As visitas serão guiadas e segmentadas e realizadas por um guia-chefe e dez monitores.

Agora, se delicie com mais algumas imagens do novo Bioparque Pantanal, produzidas por José Sabino durante a inauguração. É ele quem apresenta os espaços que fotografou pra gente:

“A ideia central da narrativa é que o visitante faça uma ‘viagem’ nas áreas de planalto, onde a água infiltra no lençol (parte subterrânea), depois ressurge nas nascentes, passa pelas cachoeiras e segue em direção à planície alagável. Finalmente, o destino é o rio Paraguai, o principal da região”.

“Vereda no Planalto, onde as águas se infiltram e recarregam as nascentes…”

“…passando por rios de cachoeira…”

“… rios maiores, como o Formoso, em Bonito… “

“… alagados marginais, onde vivem sucuris, até chegar ao Pantanal propriamente dito e o principal rio da região: o Paraguai”

Fotos: José Sabino/Natureza em Foco

Mônica Nunes
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.