O encontro do artesanato local com marcas brasileiras é um resgate da nossa identidade nacional
Em colaborações especiais, artesãos e estilistas trilham rumo autoral e necessário para a moda no País
A ideia de que cada peça conta uma história começa bem antes das experiências vividas no corpo de quem veste. Por mais que a afirmação seja óbvia, em um sistema cada vez mais acelerado pela ânsia da produtividade, a proximidade e o respeito à mão-de-obra, que cercam o artesanato, são ainda mais valiosos.
A moda nacional vem carregando essa missão secular do artesanal com protagonismo e até instrumento de conhecimento “dos Brasis” que dão unidade ao País. Não só olhando para o Brasil profundo, mas criando ponte com ele, marcas, como Catarina Mina, Marina Bitu e FOZ, se aliam a artesãos para encontrar novas soluções e propostas às suas criações. Nos encontros a seguir, veja como o artesanato local tem agregado às etiquetas brasileiras.
Catarina Mina
“Às vezes a gente trabalha com um lucro muito baixo, e projetos como esse nos dão mais vontade de produzir e criar. Em vez de trabalhar pra uma pessoa que pode explorar a gente, conseguimos trabalhar pra gente mesmo, de casa, é bem mais prático. Ainda mais quando tem o incentivo financeiro e pessoal, porque essas parcerias nos incentivam e fortalecem nosso ego como artesã”, explica Valderina, 21, de Sobral, Ceará.
Quando a artesã fala de projeto, ela se refere ao “Travessia”, proposta lançada pela etiqueta cearense Catarina Mina, em que seis estilistas brasileiros, entre eles Marina Bitu e Dudu Bertholini, se conectaram com coletivos de artesãs no estado com tipologias de artesanato distintas, como o crochê, o labirinto, palha de carnaúba e filé. O intercâmbio cultural transbordou em uma coleção exclusiva e fora do principal eixo do principal eixo da marca, as bolsas, com vestido, top e saia, que estão à venda no site e loja física da marca em Fortaleza e na Casa Nordestesse, em São Paulo e no site também. No perfil Oficinas Catarina Mina, ainda é possível mergulhar nas histórias das artesãs por meio de vídeos e entrevistas exclusivas.
FOZ
Já na FOZ, do criativo Antonio Castro, o movimento de garimpar os saberes artesanais atravessou alguns estados até aterrissar em Alagoas, mais especificamente no município de Coruripe, onde a palha de Ouricuri é manuseada por artesãos locais e serve de base atualmente para acessórios da marca, como bolsas e chapéus.