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O andar de uma pessoa pode indicar problemas genéticos do sistema nervoso

O andar de uma pessoa pode indicar problemas genéticos do sistema nervoso

Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade Rutgers investigaram formas de detectar precocemente problemas do sistema nervoso em pessoas, avaliando apenas como esses indivíduos caminham. As análises se basearam em padrões do andar que são invisíveis a olho nu e foram detectados a partir de tecnologias vestíveis — como sensores de movimentos nos tênis e pulseiras inteligentes (Fitbit) —, imagens de vídeo e acompanhamento da frequência cardíaca dos indivíduos.

Publicado na revista Scientific Reports, o estudo conseguiu detectar problemas de locomoção de 15 a 20 anos antes do provável diagnóstico clínico. Segundo os pesquisadores, o novo método poderá ajudar a desenvolver, no futuro, modelos de intervenção para preservar função do cérebro nesses pacientes, antes do aparecimento dos primeiros sinais visíveis. Isso quando a condição não pode ser facilmente identificada.

Pesquisa nos EUA associa análise de variações no caminhar de uma pessoa com possíveis alterações genéticas (Imagem: Reprodução/Arek Adeoye/Unsplash)

Entenda o estudo sobre a caminhada

Especificamente no estudo, os cientistas relacionaram distúrbios genéticos, como a Síndrome do X frágil e síndrome de deleção do gene SHANK3, à marcha de um indivíduo. “Os padrões de caminhada podem ser uma característica reveladora da saúde”, explica uma das autoras do estudo e professora de psicologia da universidade, Elizabeth Torres.

De acordo com a Fundação Nacional do X frágil, aproximadamente 1 em 468 homens e 1 em 151 mulheres são portadores do gene anormal que causa a síndrome do X Frágil. A Organização Nacional de Doenças Raras dos EUA observa que mais de 30% das pessoas com deleção do gene SHANK3, normalmente, precisam dois ou mais estudos cromossômicos antes que a condição seja identificada.

Aplicações da descoberta

No estudo, os pesquisadores examinaram os movimentos de caminhada de 189 pessoas para detectar distúrbios do sistema nervoso. Nesses indivíduos, Torres e sua equipe analisaram como os picos derivados de microvariações no fluxo dos movimentos mudavam de momento a momento e com que taxa. Na avaliação, análises estatísticas e de probabilidade também foram somadas.

“Dado que as síndromes relacionadas ao X frágil e ao SHANK3 permanecem altas em outras condições neurológicas, como autismo, síndrome de tremor/ataxia associada ao X frágil (FXTAS) e doença de Parkinson, esta é uma maneira importante de detectar sinais de padrões anormais”, explicou Torres.

“Pacientes com síndrome de ataxia associada ao X frágil (FXTAS), pacientes com doença de Parkinson (PPD) e pacientes com autismo (ASD) têm problemas motores detectáveis ​​e tratáveis ​​por meio de padrões de marcha em diferentes estágios de sua vida”, destacam os autores no artigo. Afinal, todas essas condições compartilham genes em comum, mesmo que as manifestações de cada uma variem bastante no organismo dos pacientes.

Por exemplo, o paciente autista pode chegar ao diagnóstico através de avaliações psiquiátricas e psicológicas. Agora, é altamente provável que alguém com Parkinson só receba o diagnóstico com os sinais da doença estejam bastante evidentes, como os tremores. Por isso, a busca por formas de identificar possíveis marcadores dessas condições pode ser tão importante para o envelhecimento saudável.

Para acessar o estudo completo, publicado na revista Scientific Reports, clique aqui.