Novo microrrobô que se parece com “fadas” poderá ajudar na polinização agrícola
Cientistas anunciaram o desenvolvimento de um minirrobô inspirado na semente dente-de-leão movido pelo ar e a luz
Diante das ameaças crescentes aos polinizadores naturais, como as abelhas, e do desafio de garantir a produção global de alimentos, pesquisadores em todo o mundo têm desenvolvido projetos de microrrobôs polinizadores.
Uma equipe do grupo Light Robots da Universidade de Tampere, na Finlândia, está desenvolvendo um polímero inteligente capaz de voar. Batizado de “FAIRY”, o microrrobô, que parece uma fada, voa movido pelo vento e é controlado pela luz. Ele foi inspirado na forma plumosa da semente de dente-de-leão.
A “fada artificial” possui diversas características biomiméticas — que imitam princípios criativos e estratégias da natureza — é revestido por um líquido cristalino responsivo à luz, que induz a abertura ou fechamento das cerdas.
Devido à alta porosidade e estrutura leve, pode flutuar facilmente no ar. “A fada pode ser alimentada e controlada por uma fonte de luz, como um feixe de laser ou LED”, diz o pesquisador Hao Zeng, incluindo ações de decolagem e aterrissagem.
Potenciais aplicações
Os pesquisadores se concentram agora em melhorar a sensibilidade do material para permitir a operação do dispositivo no transporte de microeletrônicos, como GPS e sensores, bem como compostos bioquímicos. Há potencial para aplicações ainda mais significativas.
“Parece ficção científica, mas os experimentos de prova de conceito incluídos em nossa pesquisa mostram que o robô que desenvolvemos dá um passo importante em direção a aplicações realistas adequadas à polinização artificial”, revela.
No futuro, milhões de microrrobôs transportando pólen poderiam ser dispersadas livremente no ar e então guiadas pela luz em direção a áreas de plantio.
“Isso teria um grande impacto na agricultura global, já que a perda de polinizadores devido ao aquecimento global se tornou uma séria ameaça à biodiversidade e à produção de alimentos”, diz Zeng. Desafios ainda precisam ser resolvidos, no entanto.
Como controlar o local de pouso de forma precisa, e como reaproveitar os aparelhos e torná-los biodegradáveis? Essas questões exigem uma estreita colaboração com cientistas de materiais e especialistas em microrobótica.
O projeto FAIRY começou em setembro de 2021 e durará até agosto de 2026, e os resultados preliminares da pesquisa foram publicados na revista Advanced Science.