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Nova Unidade de Conservação do CE protege peixe-boi-marinho e aves migratórias

Nova Unidade de Conservação do CE protege peixe-boi-marinho e aves migratórias

Icapuí – CE. O litoral leste cearense acaba de ganhar mais uma Unidade de Conservação (UC). A Área de Proteção Ambiental (APA) Berçários da Vida Marinha, no município de Icapuí, foi criada com o intuito de proteger espécies ameaçadas de extinção, com atenção às aves limícolas, que anualmente migram para o Banco dos Cajuais, na região, e ao peixe-boi-marinho, espécie que se reproduz e se alimenta na região. A criação da UC é uma iniciativa do Governo do Estado do Ceará.

Recentemente, a população nativa de aves migratórias e limícolas da região foi tombada pela Lei Nº. 890/2021, de 15 de dezembro 2021 como patrimônio natural do município de Icapuí. Antes disso, em 2015,  o peixe-boi-marinho já havia sido reconhecido como patrimônio natural do município, razões que incentivaram a criação da APA Berçários da Vida Marinha.

Ao todo, são 13.230 hectares e aproximadamente 50 mil metros de perímetro de áreas protegidas com o objetivo de proteger a flora a fauna e todo o ecossistema da região, o que visa também atenuar os efeitos das mudanças climáticas. A nova Unidade de Conservação está situada entre duas outras APAs, a da Praia de Ponta Grossa e do Manguezal da Barra Grande, o que permite a formação de um corredor ecológico entre elas.

De acordo com Artur Bruno, titular da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), a APA abrange tanto a área do mar como a continental.  “Nessa região, nós temos as aves migratórias que habitam o litoral de Icapuí por alguns meses do ano, e temos no mar o peixe-boi marinho. Inclusive a Aquasis realiza a readaptação e soltura da espécie nessa região. Além disso, é uma área muito bonita, própria para o turismo ecológico que, enquanto APA, pode contar com algumas atividades, mas com restrições e com a nossa anuência. Icapuí será uma região com bastante proteção ambiental”, destaca.

A criação da APA contou com o apoio técnico da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), na elaboração de documentos e justificativa técnica da criação da UC, com a sua ampla experiência em fauna ameaçada, com indicação, inclusive, das prioridades para a conservação na área.

Segundo Gabriela Ramires, bióloga  e coordenadora de Políticas Públicas para Conservação do Projeto Aves Migratórias do Nordeste da Aquasis, uma das justificativas  para a criação da UC foi a preservação de um trecho da planície de mares do Banco dos Cajuais, que estava desprotegida, o que colocava em risco as aves migratórias que vêm do ártico canadense e aves costeiras ameaçadas, como a batuira-bicuda. A espécie é residente e consta na lista da fauna ameaçada que se reproduz na região.

Além disso,  a conservação das nascentes d’água doce que afloram nas praias da região e que são fundamentais para o peixe-boi-marinho; as tartarugas-marinhas que vêm se alimentar; e do cavalo-marinho, também é presente ali, foram apresentadas como incentivo para a proteção da área.

“A UC vai contar com uma maior fiscalização e ter os impactos sobre os avanços insustentáveis do ser humano sobre a natureza local diminuídos e com a realização de um plano de manejo, a área contará com um regramento especial para permitir uma maior conservação destas espécies. Iremos sugerir que haja um monitoramento constante de poluentes, iremos implementar um plano sustentável e comunitário para o turismo de observação do peixe-boi-marinho e de aves da praia na qual a comunidade tenha um sentimento maior de pertencimento dessa fauna mas também que possa gerar emprego e renda com proteção a essas espécie”, afirma a bióloga.

Pesca artesanal e comunidade costeiras

pesca artesanal é a atividade econômica mais importante da região e durante as audiências públicas integrantes do processo de criação da UC se mostraram não só a favor, mas pediram que APA incluísse águas mais profundas, dentro dos limites leste-oeste, que compreendem a área de vida da lagosta.

“Essa manifestação se dá por uma esperança de que um melhor manejo possa ser incentivado para que este pescado possa apresentar maior peso corpóreo e garantir uma maior rentabilidade econômica. Inclusive, o Município está buscando, com auxílio do SebraeIFCE e outras instituições, o registro de indicação geográfica da lagosta. Além disso, por meio do Plano de Manejo, será indicado que a melhor modalidade de turismo é o de base comunitária e o ecoturismo, e a conservação da natureza é fundamental para essa atividade”, finaliza, Gabriela Ramires.