Nordeste pleiteia Fundo de Reconstrução da Caatinga
Preservação do bioma se dá por ser a Caatinga uma poderosa sequestradora de CO2 na atmosfera
A Caatinga se destaca como uma eficiente absorvedora de CO2, sendo capaz de assimilar o dióxido de carbono quase que integralmente e com menor demanda de água. A reconstrução desse bioma e a valorização de sua genética resiliente tornam-se cruciais para o planeta, especialmente diante do desafio do aquecimento global que excede 1,5ºC e da escassez hídrica.
Em reunião ontem, a governadora Fátima Bezerra enfatizou a relevância do Bioma da Caatinga ao anunciar a criação do Fundo de Reconstrução em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e as regiões do Nordeste, incluindo o Rio Grande do Norte. Esta iniciativa não apenas beneficia o Nordeste, mas também promove o equilíbrio ambiental em todo o Brasil. A decisão foi tomada durante a Assembleia Geral do Consórcio Nordeste, realizada nesta segunda-feira (25) em Brasília.
Para concretizar essa iniciativa, o BNDES já havia anunciado, em julho deste ano, um investimento de R$ 10 milhões para a restauração de biomas, incluindo a Caatinga, em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Durante a reunião desta segunda-feira, ficou acordada a criação do Fundo, contando com a participação de todos os governadores do Nordeste. Além disso, foi assinado um Memorando de Entendimento para impulsionar o desenvolvimento da cadeia do Hidrogênio Verde na região, contando com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O Fundo de Reconstrução da Caatinga pode seguir o modelo do Fundo Amazônia, que está em operação há 15 anos, com uma alocação atual de R$ 3,4 bilhões, e já demonstrou resultados significativos para a preservação do Bioma Amazônico.
Embora o estoque e a capacidade de absorção de CO2 da Caatinga sejam inferiores aos da Amazônia, eles ainda são relevantes e merecem reconhecimento. Enquanto o Bioma Amazônico absorve de 3 a 5 toneladas de CO2 equivalente por ano, a Caatinga tem a capacidade de absorver de 1 a 3 toneladas de CO2 equivalente por ano. Dessa forma, o Fundo de Reconstrução da Caatinga se apresenta como uma medida crucial.
O Bioma da Caatinga, exclusivo do Brasil, abrange uma área de 860 mil km² (equivalente à soma da França e Itália) e abriga 27,8 milhões de habitantes, distribuídos nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Maranhão e parte do norte de Minas Gerais. Conta ainda com 1,8 milhões de agricultores familiares, detentores de conhecimentos e tecnologias sociais que oferecem soluções para quem mora na região ter mais qualidade de vida.
COP 28
Neste ano de 2023, o evento ocorrerá de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai e será liderado pelo sultão Ahmed al-Jaber. O evento tem como objetivo revisar os posicionamentos e ações de cada país, além de revisitar o inventário de emissões.
Na oportunidade, os países aproveitam para discutir como estabilizar as concentrações de gases causadores do efeito estufa (GEE) lançados à atmosfera. Tendo como base essas informações, há uma tentativa de avaliação das melhorias alcançadas e das novas medidas a serem implementadas como estratégias.
RN Mais Verde
O Governo do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) lançou, ainda em junho de 2022, o Programa RN + Verde, voltado para o aumento da cobertura vegetal no território do estado. O Programa tem o objetivo de restaurar a Caatinga, considerado o maior bioma do RN, e orientar empresas que precisam identificar áreas para reposição florestal.
Monumento Natural Cavernas de Martins (MONA)
O Governo do RN investiu na unidade de conservação do Monumento Natural Cavernas de Martins (MONA), considerado a maior do bioma Caatinga. Tem 3.538,45 hectares e abrange os municípios de Martins, Umarizal e Portalegre.
O Monumento Natural Cavernas de Martins abriga um singular patrimônio espeleológico e arqueológico, composto por 92 cavidades mapeadas até o momento, sendo 78 cavernas e 14 abrigos, que contam com registros fósseis, pinturas rupestres e elevada diversidade biológica associada a cavernas.
SAIBA MAIS SOBRE A CAATINGA
A Caatinga é um bioma exclusivo do Brasil, predominante na região Nordeste do país. É conhecido por sua vegetação adaptada a condições áridas e semiáridas, e é o bioma mais diversificado em termos de espécies endêmicas, ou seja, aquelas que só são encontradas nessa região.
Características notáveis da Caatinga incluem:
| Vegetação Única: | A vegetação da Caatinga é marcada por plantas adaptadas à escassez de água, como cactos, arbustos e árvores de pequeno porte, que perdem folhas durante a estação seca para economizar água. |
| Clima Semiárido: | A região é caracterizada por um clima semiárido, com chuvas irregulares e concentradas em poucos meses do ano. Isso impõe desafios significativos para a flora e fauna locais. |
| Biodiversidade Endêmica: | A Caatinga abriga uma grande variedade de espécies adaptadas a esse ambiente específico. Muitas delas só são encontradas na Caatinga e não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo. |
| Adaptações ao Clima: | As plantas e animais da Caatinga desenvolveram diversas adaptações para sobreviver em um ambiente tão árido. Além da queda de folhas, algumas plantas têm raízes profundas para buscar água no subsolo e muitos animais têm mecanismos eficazes de retenção de água. |
| Desafios Ambientais: | A Caatinga enfrenta desafios significativos, como a desertificação e a degradação do solo, devido a atividades humanas como desmatamento, sobrepastoreio e agricultura inadequada |
| Importância Socioeconômica: | Apesar das condições adversas, a Caatinga é lar de diversas comunidades humanas. Muitas delas dependem diretamente dos recursos naturais dessa região para sua subsistência. |
| Riqueza Cultural: | A Caatinga é rica em cultura e tradições, influenciando a vida e as práticas das populações que vivem nessa região há séculos. |
| Desafios de Conservação: | A preservação da Caatinga é crucial para a manutenção da biodiversidade local e para o equilíbrio ambiental do Brasil como um todo. A degradação e as pressões humanas representam desafios significativos para a conservação desse bioma. |
| Potencial Sustentável: | A Caatinga possui um potencial imenso para práticas sustentáveis, como manejo florestal, agroecologia e turismo ecológico, que podem contribuir para a conservação do bioma e o bem-estar das comunidades locais. |
A Caatinga é um bioma único e precioso, com uma rica biodiversidade e uma importância cultural e socioeconômica significativa para a região Nordeste do Brasil. A preservação desse ecossistema é essencial para garantir um futuro sustentável para a Caatinga e para as pessoas que dependem dela.
