Mundo não está conseguindo fazer mudanças necessárias para evitar colapso do clima
Estudo mostra que ritmo da redução de emissões globais deve ocorrer em velocidade significativamente maior para manter aquecimento a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais
Vários setores de diferentes sociedades mundiais estão falhando ao tentar evitar as consequências mais desastrosas da crise climática. O ritmo das reduções de emissões globais deve ser feito em uma velocidade significativamente maior se quisermos manter o aquecimento global a 1,5 ° C em relação aos níveis pré-industriais, de acordo com uma nova análise global feita pela World Resources Institute, como parte do Systems Change Lab.
Nas 40 áreas que abrangem o setor de energia, industrial, agricultura, transporte, finanças e tecnologia, é possível dizer que nenhuma está adotando medidas suficientes e na velocidade necessária para uma transição de baixo carbono a ponto de manter o Planeta a níveis seguros de temperatura.
O ritmo perigosamente lento de descarbonização ficou ainda mais claro alguns dias antes do início das cruciais negociações que farão parte da COP26 a partir da próxima semana. “Precisamos interromper todos os setores para transformar nossa geração de energia, as dietas que temos, como administramos a terra e muito mais, tudo ao mesmo tempo”, disse Kelly Levin, chefe de ciência do Bezos Earth Fund e um dos co-autores do relatório, ao The Guardian. “Está muito claro que as tendências não estão se movendo com rapidez suficiente.”
Da geração de eletricidade renovável ao consumo de carne e ao financiamento público de combustíveis fósseis, o relatório aborda que nenhum indicador aponta para o progresso necessário para reduzir as emissões na metade durante esta década, o que daria ao mundo a chance de se manter abaixo 1,5° C.
O relatório também sinalizou que existe uma grande oportunidade de progresso na tecnologia, como a remoção direta de dióxido de carbono do ar, método apontado pelos cientistas como um caminho promissor se implantado em grande escala para reduzir o agravamento dos desastres climáticos.
Embora o progresso esteja lento na maioria dos lugares, três áreas ainda estão estagnadas: produção de cimento, fabricação de aço e esforços para cobrar uma taxa sobre as emissões de carbono. E outros três estão caminhando na direção errada: emissões da agricultura, viagens feitas por carros e taxa de desmatamento.
Há pouco otimismo de que os países farão os compromissos exigidos para salvar esta situação nas negociações de Glasgow. E se o mundo ultrapassar o 1,5 °C no aquecimento global, o Planeta será atingido por uma frequência crescente de ondas de calor mortais, tempestades, inundações desastrosas e quebras de safra, extinção de milhares de espécies e será tirado trilhões de dólares da atividade econômica bem como o deslocamento forçado de milhões de pessoas. António Guterres, secretário-geral da ONU, alertou que o mundo está arriscando um “futuro infernal” pela falta de urgência para enfrentar a crise.