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Mulheres do meio ambiente: 10 pioneiras que fizeram a consciência ecológica avançar no mundo

Mulheres do meio ambiente: 10 pioneiras que fizeram a consciência ecológica avançar no mundo

No Dia das Mulheres, Um Só Planeta traz ícones que inspiraram grandes saltos no pensamento e política socioambiental no mundo

A história do ambientalismo está repleta de mulheres brilhantes que uniram paixão pela natureza ao ativismo para dar à luz movimentos de resistência e novos paradigmas na relação entre os homens e o planeta Terra. Com ajuda de nossas colunistas, Um Só Planeta traz alguns nomes para você conhecer e se inspirar a fazer as mudanças que quer ver no mundo.

Rachel Carson (1907 – 1964)

 

Rachel Carson — Foto: U.S. Fish and Wildlife Service

Rachel Carson — Foto: U.S. Fish and Wildlife Service

Antes de ser aclamada como a “mãe da ecologia” nos idos de 1970, Rachel Carson era uma reconhecida bióloga estadunidense com notoriedade suficiente para popularizar questões ambientais e estimular transformações sociais. Ela é a autora de um livro divisor de águas: “Primavera Silenciosa” (1962), que escancarou ao mundo os efeitos nocivos do uso de pesticidas na agricultura e na biodiversidade, especialmente do DDT, primeiro pesticida moderno, hoje proibido. O livro inspirou o surgimento de movimentos ecológicos em várias partes do mundo e a criação da agência de proteção ambiental (EPA) americana, que tem a missão de proteger a saúde humana e o meio ambiente naquele país. Um dos trunfos de Rachel era sua capacidade de usar uma linguagem que todos entendiam: “O ser humano, por mais que finja o contrário, é parte da natureza. Será que ele conseguirá escapar de uma poluição que agora está tão amplamente disseminada por nosso mundo?, questionava.

Gro Brundtland (1939 )

Gro Harlem Brundtland foi a pessoa mais jovem e a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Noruega e ex-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde. Mas seu nome também está marcado na história por ter colocado o ideal do “desenvolvimento sustentável” — aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias — na agenda internacional. A convite da ONU, Gro presidiu a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que deu origem ao conceito político no relatório Nosso Futuro Comum, publicado em 1987. As recomendações da Comissão levaram à Cúpula da Terra, a ECO-92, sediada no Rio de Janeiro. A partir daí, o mundo efetivamente entendeu a urgência de conciliar desenvolvimento socioeconômico com uso equilibrado e respeitoso dos recursos naturais.

Sylvia Earle (1935)

 

Sylvia Earle — Foto: Rolex/Bart Michiels

Sylvia Earle — Foto: Rolex/Bart Michiels

A bióloga e ativista é reconhecida mundialmente por suas centenas de expedições marítimas que culminaram em estudos pioneiros em oceanografia há mais de quatro décadas. Ela foi a primeira mulher eleita Heroína do Planeta pela revista Time e atualmente lidera uma coalizão global para inspirar a criação de redes mundiais de áreas marinhas protegidas, a Mission Blue, além de estimular o interesse público e apoio às ações de preservação dos mares e sua rica biodiversidade. “Acho que todos deveriam abraçar o amor pela exploração. Nossas vidas dependem da manutenção de um planeta que trabalhe a nosso favor, o que significa respeito por todas as formas de vida”, disse em entrevista especial ao Um Só Planeta.

Ana Maria Primavesi (1920 – 2020)

Engenheira agrônoma austríaca radicada no Brasil, Ana Maria Primavesi foi uma das pioneiras em agroecologia e agricultura orgânica. “A terra não é um recurso mas um organismo vivo que possui necessidades. Tudo está interligado: a terra, a água, o ar, as plantas e os animais”, dizia. A partir desse entendimento, desenvolveu estratégias de preservação do solo e recuperação de áreas degradadas que incorporavam uma visão sistêmica e holística, privilegiando a atividade biológica do solo, com aplicação de adubo verde e controle natural de pragas. Como professora universitária, contribuiu para a criação do primeiro curso de pós-graduação voltado para agricultura orgânica, na Universidade Federal de Santa Maria, e também fundou a Associação de Agricultura Orgânica (AAO).

Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977)

 

Carolina Maria de Jesus — Foto: Arquivo Nacional

Carolina Maria de Jesus — Foto: Arquivo Nacional

“A favela é o quarto de despejo da cidade”. Esta é uma das reflexões mais conhecidas e potentes da mulher negra, escritora e catadora de lixo Carolina Maria de Jesus. Moradora da favela do Canindé, em São Paulo, ela viveu diariamente o chamado “racismo ambiental” e descreveu com riqueza de detalhes e um olhar perspicaz o cotidiano de sua comunidade na vida dura da periferia. Tudo anotado em velhos cadernos que encontrava nos lixões e que mais tarde seriam reunidos em obras. Ela via a vida em cores, mas sem ficcionalizar. Descrevia a fome, fantasma que voltou a assombrar o Brasil, como amarela. “Antes de comer, via o céu, as árvores, os pássaros todos amarelos, mas depois que comia, tudo parecia normal aos meus olhos”. Por meio de seus escritos e atuação, ajudou a dar visibilidade à coleta de materiais recicláveis, atividade essencial para a saúde ambiental das cidades e economia e segue inspirando mulheres – principais trabalhadoras do setor de recicláveis – a se expressarem e lutarem pela valorização da atividade.

Jane Goodall (1934) e Jane Dian Fossey (1932-1985)

Duas gigantes que revolucionaram a primatologia. A história delas une uma profunda dedicação à ciência e ao ativismo e a paixão pela conservação de dois animais que despertam afeto popular, daí serem chamados de espécies “carismáticas”. A americana Jane Goodall mudou a forma como enxergamos os chimpanzés, nossos parentes mais próximos no mundo animal, e teve papel determinante na proibição do uso desses animais em experimentos em laboratórios. Enquanto isso, a inglesa Jane Fossey se destacou na defesa dos gorilas-das-montanhas, os maiores dos primatas. Ela fundou em 1967 um centro de pesquisa no Parque Nacional de Ruanda, um dos últimos refúgios da espécie ameaçada, onde desenvolveu estratégias de conservação durante anos, até seu assassinato em 1985. A história da pesquisadora, que foi aceita como parte da família dos gorilas, é contada no filme “Nas Montanhas dos Gorilas” (1988).

Mary Robinson (1944)

 

Mary Robinson — Foto: Wikimedia Commons

Mary Robinson — Foto: Wikimedia Commons

emergência climática atinge de forma desigual pessoas mais vulneráveis e países que menos contribuíram para o surgimento do problema e que possuem menos recursos para enfrentar os efeitos nefastos de enchentes, secas severas e outros eventos extremos. O conceito de justiça climática visa abordar justamente estas injustiças sistêmicas de longa data, e colocar na agenda dos líderes a proteção às populações mais afetadas. A advogada, ex-presidente da Irlanda e enviada especial da ONU para mudança climática é uma das vozes mais vocais no tema, que enxerga como uma violação aos próprios direitos humanos. Em seu livro “Justiça Climática”, ela reúne histórias de esperança, resiliência e luta por um futuro sustentável.

Janine Benyus (1958)

Inúmeros produtos e tecnologias que temos à disposição na sociedade têm na natureza a fonte primária de inspiração. Eles seguem a lógica da biomimética: se baseiam em princípios que regem a organização da natureza para criar estruturas sintéticas. A cientista e consultora de inovação Janine Benyus é a principal difusora da biomimética no mundo. Em seu livro de “Biomimética: Inovação Inspirada pela Natureza” (1997), ela destaca três papéis da natureza dentro do conceito de biomimetismo: o de modelo, o de medida e o de mentor. A natureza como modelo significa que nós tentamos imitar a natureza ou somos inspirados por ela para criação de designs e processos. Como medida, a natureza é o nosso guia ecológico para avaliar se a nossa inovação está no caminho certo (isso funciona, é oportuno, irá durar?) Por último, com a natureza como nosso mentor, devemos ver o mundo natural não como o que nós podemos extrair dele, mas a partir do que podemos aprender com ele.

Dorothy Stang (1931-2005)

A missionária americana é um dos maiores nomes na luta pela democratização do acesso à terra no Brasil. Por mais de três décadas, ela lutou pelos direitos das comunidades indígenas e de pequenos agricultores na região do Xingu, na Amazônia, na época da inauguração da rodovia Transamazônica. Trabalhava em prol da geração de emprego e renda junto a pequenos agricultores, apoiando a implementação de projetos de reflorestamento em áreas degradadas e buscava diálogo com o governo para tentar minimizar conflitos fundiários. Sua atividade pastoral incluía também a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, além da minimização dos conflitos fundiários na região. Por seu ativismo, foi assassinada em 2005.