Anchor Deezer Spotify

Mosquitos de laboratório freiam proliferação do Aedes aegypti

Mosquitos de laboratório freiam proliferação do Aedes aegypti

São milhões de mosquitos criados para não gerar descendentes. A tecnologia é israelense e foi aprimorada no Brasil

A melhor forma de combater o mosquito é não deixar a água parada. Mas no interior do Paraná, uma tecnologia inovadora também está obtendo bons resultados contra a dengue.

A linha de produção vai do ovo até a fase adulta do mosquito. São milhões de Aedes aegypti criados para não gerar descendentes.

Os ovos são recolhidos em armadilhas e levados para o laboratório. Quando viram larvas, são mergulhadas numa solução química que deixa os machos incapazes de procriar. A composição é um segredo industrial. Depois, já na fase adulta, os técnicos separam os mosquitos e descartam as fêmeas – porque são elas que transmitem a dengue e outras doenças, como zika e chikungunya.

Os machos estéreis são colocados em baldes e soltos na natureza. Eles vão acasalar com as fêmeas selvagens, mas elas não vão produzir ovos.

“A fêmea copula uma única vez na vida. Uma vez que ela copular com um mosquito macho estéril, ela não vai ter descendentes. E assim, como a gente faz solturas semanais de mosquitos machos estéreis, a gente consegue reduzir gradativamente a população de mosquitos na natureza”, explica Lisiane Poncio, diretora técnica da empresa.

A tecnologia é israelense e foi aprimorada no Brasil. A primeira soltura para valer começou em Ortigueira, interior do Paraná. Desde novembro de 2020, a cidade de pouco mais de 22 mil habitantes vem recebendo 1 milhão de mosquitos estéreis por semana.

Os resultados animaram os pesquisadores e trouxeram alívio para a população. Ovos e larvas do Aedes aegypti praticamente sumiram dos bairros. A infestação do mosquito em Ortigueira caiu mais de 90%. E desde junho do ano passado o município não registra nenhum caso de dengue.

O projeto é uma parceria da Prefeitura de Ortigueira com uma empresa da região.

“Quando se fala em despesas com relação à saúde, quando a gente salva uma vida, o projeto já se tornou barato. Então aqui que nós estamos com essa redução, não tem dinheiro que se invista que possa dizer que é muito caro”, diz o secretário de Saúde de Ortigueira, Cláudio de Souza.

A fábrica pode produzir até 4 milhões de mosquitos por semana, mas essa capacidade deve ser ampliada. A empresa negocia projetos com outras cidades do Brasil e até do exterior