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Meteorito é encontrado na Paraíba, e Associação tenta manter rocha espacial no estado

Meteorito é encontrado na Paraíba, e Associação tenta manter rocha espacial no estado

Meteorito foi encontrado em novembro de 2014, mas informações só foram divulgadas agora por conta da demora para confirmar que se tratava de rocha espacial. Associação quer manter peça na Paraíba.

O primeiro meteorito da Paraíba foi encontrado na cidade de Nova Olinda, no Sertão paraibano. De acordo com o astrônomo amador Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia, o meteorito foi encontrado em novembro de 2014, mas a informação só foi divulgada agora por conta da demora para confirmar que se tratava de um meteorito. Agora, a luta é para manter a peça na Paraíba.

A rocha espacial já foi analisada, classificada, e recebeu o nome de Nova Olinda, em referência à cidade onde foi encontrada. De acordo com a Associação Paraibana de Astronomia, é a primeira vez que um meteorito é achado na Paraíba.

O meteorito Nova Olinda foi encontrado pelos irmãos Edsom Oliveira da Silva e João Jarba Oliveira da Silva, em 2014. Na época, João Jarba e Edsom procuravam por ouro com um detector de metais, numa fazenda da zona rural do município de Nova Olinda. Em determinado local, próximo a um lago, o detector disparou acusando que havia algo grande por lá. Eles cavaram o local com uma picareta e rapidamente desenterraram a rocha, que tem 26,93kg.

Ela era diferente de outras encontradas na região, o que chamou a atenção dos irmãos. Tinha uma forma tão peculiar que Edsom a levou para casa, onde a rocha ficou enfeitando sua mesa de jantar.

Por cinco anos, o primeiro meteorito encontrado na Paraíba serviu de adorno para a mesa de jantar de Edsom. E estaria lá até hoje, não fosse a queda de um outra rocha espacial em Santa Filomena, Pernambuco, em agosto de 2020. Com a repercussão que o meteorito de Santa Filomena ganhou na mídia, o homem percebeu que sua rocha também poderia ser um meteorito. Depois de algumas pesquisas na internet, entrou em contato com André Moutinho, pesquisador e colecionador de meteoritos.

Moutinho orientou o homem a realizar os primeiros testes e, com a possibilidade de ser realmente uma rocha espacial, uma amostra foi retirada e enviada para São Paulo, onde André Moutinho confirmou que se tratava de um meteorito. A partir de então, entrou em contato com pesquisadores para a realização das análises física, química e petrográfica para classificação do meteorito (saiba mais no final da reportagem).

Meteorito foi usado por alguns anos como enfeite de mesa por homem que encontrou a rocha, na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Meteorito foi usado por alguns anos como enfeite de mesa por homem que encontrou a rocha, na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Luta para manter o meteorito na Paraíba

Após a descoberta de que a rocha se trata mesmo de um meteorito, Edsom explica que já recebeu uma série de propostas para comprar a peça, que está guardada num cofre do Rio de Janeiro. Ele diz que já recebeu propostas de países como Japão, Rússia, China, mas não revela os valores.

Ainda assim, ele diz que gostaria de vender para o Governo da Paraíba, para manter a rocha espacial do estado-natal dos dois que encontraram o meteorito.

De acordo com a Associação Paraibana de Astronomia, seria necessário um investimento de aproximadamente R$ 50 mil para manter a peça no estado, valor que não é confirmado com Edsom. De toda forma, a ideia seria criar uma exposição permanente no Planetário do Espaço Cultural José Lins do Rego. Ainda assim, a Associação diz que tenta há quatro meses marcar uma audiência com o Governo, sem sucesso.

Meteorito paraibano é reconhecido por especialistas
Meteorito paraibano é reconhecido por especialistas

Análise da rocha

As análises do meteorito encontrado na Paraíba foram feitas através de uma parceria entre pesquisadores da Universidade de Alberta (Canadá) e um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Essa foi apenas a segunda vez que um meteorito metálico foi classificado a partir de análises químicas feitas no Brasil. A primeira foi a do meteorito Conceição do Tocantins, que também foi oficializado esse ano pela Meteoritical Society.

O meteorito Nova Olinda é metálico, composto basicamente por ferro e níquel, além de outros materiais em menor concentração. Ele foi classificado como um octaedrito IIAB. Os meteoritos IIAB têm a menor concentração de níquel entre os meteoritos metálicos.

Meteoritos como o Nova Olinda se formam no núcleo metálico de seu corpo parental que, provavelmente, origina-se de um protoplaneta destruído por violento impacto.

De acordo com análise dos isótopos de meteoritos semelhantes, o impacto que teria lançado no espaço fragmentos desse núcleo protoplanetário teria ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos, no período de formação do Sistema Solar. Desde então, estes fragmentos vagam pelo espaço na forma de pequenos asteroides e meteoroides e, eventualmente, alguns deles atingem a Terra.

Ainda não se sabe há quanto tempo o meteorito Nova Olinda teria caído na Terra. Mas devido ao intemperismo – deterioração devido a ação do tempo – observado nele, é provável que isso tenha ocorrido há alguns milhares de anos, e ele tenha permanecido enterrado por todo esse tempo, até ser encontrado pelos irmãos.