Médica alerta para hipovitaminose em idosos nessa pandemia
A pandemia da COVID-19 provocou na população o desejo de melhorar a imunidade, e muitos, sem nenhum critério, passaram a se auto medicarem consumindo mais vitaminas industrializadas, principalmente os idosos que viram nas gôndolas das farmácias, a facilidade no acesso a esse tipo de suplementação.
De acordo com a nutróloga e médica do esporte, Clarissa Rios, vários estudos mostram que o consumo adequado de vitaminas é fundamental para a manutenção das funções orgânicas e que, algumas delas, como a C e a D, são importantes para a imunidade, porém, essas pesquisas não demonstraram uma clareza entre a quantidade de vitaminas que deveria ser consumida, muito menos a forma de administração (oral, intramuscular ou endovenosa).
Conforme ainda a médica, múltiplos déficits vitamínicos são encontrados nos idosos, todavia, a auto medicação não é recomendada para qualquer faixa etária, pois são encontradas nos polivitamínicos, quantidades muito pequenas de vitaminas e minerais as quais podem até ser suficientes para manutenção metabólica, mas com certeza não servirão para tratar déficits vitamínicos.
Ela lembrou que um exemplo bem comum é a quantidade de vitamina D que nesses complexos prontos chega a 250UI por comprimido, quando, para melhorar a imunidade se utilizam doses acima de 2.000UI por dia e para pacientes com insuficiência de vitamina D, até 10.000UI/dia.
Clarissa Rios destacou que uma alimentação saudável e hábitos de vida como a exposição solar regular são as melhores maneiras de manter os níveis adequados de vitaminas, mas, mesmo assim, vale a pena a investigação metabólica e a suplementação, se houver níveis reduzidos. “No meu caso que não como carne vermelha, a suplementação de vitamina B12 e outras do complexo B, são mandatórias, assim como para os pacientes que fizeram cirurgia bariátrica”, informou.
Outra informação importante apontada pela nutróloga é a de que existe uma capacidade máxima de absorção de vitaminas por nosso intestino e, portanto, nem sempre consumir mais é melhor. “A vitamina C, por exemplo, que a maioria das pessoas consome a forma oral efervescente de 1g, não conseguimos absorver mais do que 400 mg por dia na metabolização intestinal. Isso quer dizer que 600 mg do seu suplemento está indo embora nas fezes. Além disso, a absorção das vitaminas ingeridas por via oral, dependerão da sua saúde intestinal”, destacou.
A médica ainda complementou que, pacientes com quadros de disbiose intestinal, doenças autoimunes intestinais e constipação crônica não conseguem absorver uma grande quantidade dos nutrientes ingeridos nas refeições.
Segundo a nutróloga, a suplementação oral versus intramuscular de suplementos vitamínicos para hipovitaminose em idosos evidenciou que 39% da população, apesar de uma dieta aparentemente excelente e ingestão diária de complexos vitamínicos com doses recomendadas, apresentavam múltiplos déficits vitamínicos.
“É possível que a suplementação vitamínica via oral também não seja eficiente não somente devido à capacidade absortiva intestinal, mas também devido aos processos de disbiose, muito comuns na população em geral e de alta frequência em idoso, já que a maioria das pessoas que conhecemos nesta faixa etária se alimenta de forma restritiva, comendo muitas papas e sopas ralas, pouca proteína e outros alimentos que necessitam mastigação e deglutição mais eficazes”, disse Clarissa Rios.
Ela recomendou que antes de comprar suplementos vitamínicos, as pessoas devem consultar antes um médico para realizar uma avaliação metabólica a fim de terem a sua necessidade bem estabelecida. Além disso, é preciso discutir ainda com esse tipo de profissional, a melhor via de administração que pode ser ainda intramuscular e endovenosa e apresentam inúmeras vantagens, dentre elas, a comodidade e segurança, afastando o risco de esquecimento e eficácia do tratamento, além de melhor absorção.
“Para essa população da terceira idade, pode ser uma boa opção a suplementação via intramuscular ou endovenosa, nas quais uma única injeção de vitaminas pode manter os níveis ideais em quase 100% dos idosos por até três meses”, recomendou Clarissa Rios.