Grupo de mais de mil arraias causa esperança para espécie em extinção

O animal entrou na lista de extinção em dezembro e é ameaçada pela caça e pesca, mas um novo registro feito na Indonésia provocou esperança para sua preservação
Pela primeira vez, cientistas definiram uma estimativa para o número de arraias do Parque Nacional de Komodo, local patrimônio mundial da UNESCO em Tenggara, Indonésia, conhecido por sua biodiversidade. Com o número, porém, veio uma surpresa: mais de 1 mil arraias mantas foram registradas vivendo em águas próximas ao arquipélago asiático, gerando esperança para a espécie que foi posicionada na lista vermelha de extinção da IUCN em dezembro.
Também conhecida por jamanta, a Manta birostrisis constitui parte da megafauna marinha e está presente no Parque Nacional de Komodo independente da estação. Chegando a quase sete metros de envergadura e sendo a maior espécie conhecida de raias do mundo, esse animal é um oponente ao dragão-de-komodo quando se trata de turismo animal na Indonésia, que movimenta aproximadamente R$ 74 milhões por ano na economia do país.
A cientista e co-fundadora da Fundação de Megafauna Marinha (MMF), Andrea Marshall, viu, em tal conjuntura, uma oportunidade de envolver o público desse turismo em uma coleta de informações sobre a criatura marinha.

Junto com a empresa de software WildMe e a Universidade de Murdoch, na Austrália, a MMF desenvolveu uma plataforma online para registrar e catalogar espécies de arraias em escala global, em uma pesquisa que teve cinco anos de duração.
“Com o apoio da comunidade, fomos capazes de identificar mais de 1 mil mantas através de mais de quatro mil fotos tiradas”, revelou a autora-líder do estudo, Elitza Germanov, ao DailyMail.
Os pesquisadores contaram com o apoio de operações de mergulho para fotografar esses animais nas águas e enviaram os retratos para uma plataforma de colaboração coletiva de dados de mantas e outras arraias. “Eu fiquei maravilhada no quão receptiva a população foi em ajudar a coletar informações extremamente necessárias desses animais ameaçados”, relatou Elitza.
As mantas foram identificadas por meio de suas estampas únicas no abdôme, e a maioria das imagens veio de locais comumente visitados por barcos turísticos.

Andrea explicou ao DailyMail que o crescimento no número de pessoas engajadas no turismo animal, em atividades como mergulho de scuba e snorkeling foi essencial para a pesquisa. “Pessoas amam raias – elas são um dos animais mais icônicos dos nossos oceanos. Pudemos contar com fotos e vídeos tiradas pelo público durante suas férias, o que colaborou para uma coleta de dados rápida e acessível financeiramente”, disse.
A partir dessa ajuda, foi possível também prever a probabilidade de mantas habitarem os mesmos lugares ou viajarem entre espaços no oceano. A pesquisa deixou, inclusive, espaço para reflexão: com atividades de pesca banidas nas áreas costeiras de Komodo desde 1984, cientistas ressaltaram as ameaças que a caça e pesca provocam para a espécie, considerando o hábito de migração das mantas no mar.
Segundo os pesquisadores envolvidos, medidas como limitar o número de barcos turísticos e fazer códigos de conduta para atividades como mergulho e snorkeling são alguns meios de minimizar esse impacto ambiental.