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Grande Barreira de Corais está sofrendo um novo evento massivo de branqueamento, confirmam autoridades da Austrália

Grande Barreira de Corais está sofrendo um novo evento massivo de branqueamento, confirmam autoridades da Austrália

Nas semanas passadas especialistas já tinham soado o alerta. Mas agora autoridades do governo australiano confirmaram a suspeita: um evento de branqueamento de corais em massa está ocorrendo Grande Barreira de Corais.

Depois de realizar um levantamento aéreo em cerca de 750 recifes, as imagens obtidas pela Great Barrier Reef Marine Park Authority confirmam que as altas temperaturas da água registradas recentemente, acima da média, realmente impactaram os corais e provocaram o branqueamento dos mesmos.

“O branqueamento de corais foi observado em vários recifes em todas as quatro áreas de manejo (Extremo Norte, Cairns–Cooktown, Townsville–Whitsunday e Mackay–Capricórnio), confirmando um evento de branqueamento em massa, o quarto desde 2016 e apesar das condições de La Niña”, anunciou em nota a agência do governo australiano.

Os representantes do órgão ressaltam, entretanto, que apesar do estresse sofrido pelo coral branqueado, ele ainda está vivo. “Se as condições forem moderadas, eles podem se recuperar desse estresse, como foi o caso em 2020, quando houve uma mortalidade muito baixa de corais associada a um evento de branqueamento em massa”. E destacou ainda. “Os padrões climáticos nas próximas semanas continuam sendo críticos para determinar a extensão e gravidade geral do branqueamento de corais em todo o Parque Marinho”.

O branqueamento dos corais ocorre quando a temperatura da água do mar aumenta muito e as microalgas que vivem neles e são responsáveis por lhe dar cor, assim como servem de alimento, não aguentam o calor extremo. Como consequência, as algas deixam esse ambiente e os corais ficam brancos e sem ter o que comer, podem acabar morrendo.

Ao longo dos 30 anos passados, já foram registrados cinco grandes eventos de branqueamento na Austrália e acredita-se que apenas 2% desses ambientes ficaram “intocados” por esses desastres.

O anúncio oficial sobre o branqueamento em massa dos corais na Austrália acontece poucos dias depois que as Nações Unidas iniciaram uma missão de monitoramento para avaliar se o sítio do Patrimônio Mundial está sendo protegido das mudanças climáticas.

A missão da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) quer avaliar se o governo da Austrália está realmente agindo para combater as ameaças à Grande Barreira, antes que o comitê do Patrimônio Mundial considere listá-la como “em perigo” em junho.

Grande Barreira de Corais: Biodiversidade em risco
O Parque Marinho da Grande Barreira de Corais é o maior sistema de recife de corais do mundo. São 2.300 km de extensão, na costa de Queensland, ao leste do país. Este ecossistema é habitat de riquíssima vida marinha e por isso, considerado Patrimônio da Humanidade.

Em seus três mil recifes vivem 1.500 espécies de peixes, 411 tipos de corais duros e nada menos do que 1/3 dos corais moles do planeta.

Pelas suas águas, nadam ainda 134 espécies de tubarões e arraias, seis das sete espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, e um sem número de mamíferos aquáticos, entre eles, o adorável dugong, animal da família do peixe-boi.

Além de toda vida marinha, o parque atrai milhares de pássaros, que encontram ali alimento.

Grande Barreira de Corais da Austrália
A proteção da Grande Barreira não é só uma questão ambiental, mas também econômica. Ela movimenta cerca de US$ 5,4 bilhões nos setores de pesca e turismo, que emprega aproximadamente 70 mil pessoas.

Um estudo publicado recentemente alertou que alguns peixes estão ficando menos coloridos em corais doentes e branqueados. “À medida que a cobertura de algas e corais mortos aumenta, a diversidade de cores diminui para uma aparência mais generalizada e uniforme”, afirma o ecologista marinho Christopher Hemingson, pesquisador da James Cook University, na Austrália.

*Com informações adicionais do site Science Alert

Suzana Camargo
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.