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Formol, talco, benzeno: as 8 substâncias que devem ser evitadas por conter componentes cancerígenos

Formol, talco, benzeno: as 8 substâncias que devem ser evitadas por conter componentes cancerígenos

Eles estão presente em produtos de cabelo, esmaltes ou vasilhas plásticas e podem ser extremamente prejudiciais à saúde

Todos os anos a ciência surpreende com alimentos, substâncias e produtos que devem ser evitados por conta de alguma composição tóxica ou até mesmo a presença de componentes cancerígenos.

Uma das últimas surpresas veio quando a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), incluiu o aspartame, ingrediente comum em produtos zero açúcar e em casas de todo o planeta, na lista de itens “possivelmente cancerígenos”.

A categoria, chamada oficialmente de 2B, diz respeito a itens cujas evidências apontam uma relação com tumores, porém de forma limitada tanto em estudos com animais, como em humanos. Entretanto, além dele, há outros produtos e outras listas — muitos deles inclusive já foram até banidos de serem comercializados, como é o caso do amianto.

Confira abaixo substâncias que estão presentes no cotidiano e devem ser evitados por conta de seus componentes considerados cancerígenos:

Formaldeído

Em meados de 2000, a substância passou a ser utilizada em formulações de produtos para alisamento e redução de volume dos fios de cabelo.

No entanto, em 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução proibindo a comercialização do formol em estabelecimentos como drogarias, farmácias, supermercados e lojas de conveniências, com o objetivo de restringir o acesso da população à substância.

Em 2011, o FDA, a agência regulatória americana, que funciona como a Anvisa no Brasil, classificou a substância como cancerígena.

Um outro estudo recente publicado na revista científica Journal of the National Cancer Institute revelou que os produtos usados para alisar o cabelo aumentam o risco de câncer de útero.

De acordo com o trabalho, mulheres que usam os produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente na região do endométrio. Associações semelhantes não foram encontradas em outros produtos capilares, como tinturas, descolorantes, substâncias para realização de luzes ou permanentes.

— O formol evapora em condições normais de temperatura e o contato direto com grandes concentrações se torna altamente perigosa à saúde humana, podendo resultar em diversos agravos — explica o oncologista clínico Pedro Henrique Araújo de Souza, da Oncoclínicas Rio de Janeiro.

Benzeno

Outra substância cancerígena perigosa e encontrada no meio ambiente, devido a exposição a gases poluentes, é o benzeno.

— A principal fonte de exposição ambiental ao benzeno ocorre por meio da evaporação da gasolina. As fontes principais emissoras são as indústrias; no entanto, nos grandes centros urbanos, onde há maior concentração de veículos, a população em geral está exposta a concentrações preocupantes de benzeno no ar — diz Souza.

Outras formas de exposição a substância estão em hábitos e costumes da população como: o tabagismo, por exemplo, considerando que a fumaça de cigarro é uma das principais fontes não ocupacionais ao benzeno, em ambientes fechados.

O oncologista ainda afirma que o benzeno pode levar a aumentar o risco de diferentes tumores, derrames e doenças respiratórias.

Amianto

Encontrado em construções antigas, o amianto era muito utilizado para fazer isolante térmico, em caldeiras revestidas com o material, telhas e até mesmo em caixas d´água. O uso do material vem caindo em desuso exatamente por conta de seu risco cancerígeno. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) classificam todas as fibras de amianto como cancerígenas.

— O risco principal é para os trabalhadores que usam ou para pessoas que bebiam e tomavam banho com as caixas d´água revestidas e feitas por essa substância.

As exposições mais pesadas hoje em dia tendem a ocorrer na indústria da construção e em reparos navais, particularmente durante a remoção de materiais que contêm amianto devido a renovações, reparos ou demolições. Os trabalhadores também podem ser expostos durante a fabricação de produtos que contêm amianto, como têxteis, produtos de fricção, isolamento e outros materiais de construção — esclarece o oncologista.

Entretanto, ele afirma que o amianto foi banido da área de construção e não pode mais ser usado no Brasil.

Bisfenol A (BPA)

As vasilhas de plástico são utensílios indispensáveis na cozinha de qualquer pessoa. Milhões de brasileiros têm dezenas delas em casa guardadas no armário ou no freezer, armazenando restos de comida e marmitas para o dia seguinte. Porém, nem todas são totalmente seguras.

— O micro-ondas é um aparelho que emite ondas que agem através das vibrações de moléculas, principalmente as de água, gerando calor e esquentando o alimento. O recipiente que for dentro dele precisa ser resistente a essas vibrações. Ele não pode aquecer, pois pode derreter e liberar substâncias tóxicas no alimento — explica o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.

Muitas pessoas desconhecem, porém no fundo das vasilhas há um número estampado dentro da figura do triângulo da reciclagem. Significa que aquela embalagem pode ser recolhida para reciclagem e, portanto, deve ser separada para a coleta seletiva. Já a numeração identifica o tipo de resina plástica utilizada na produção daquela embalagem.

Recipientes com o número 7, por exemplo, não podem ser levados ao micro-ondas ou esquentados de jeito nenhum, isso porque ele representa o bisfenol A (BPA), uma substância tóxica que em grandes quantidades pode alterar o sistema hormonal.

Segundo os especialistas, a longo prazo, ele pode até ser fator de risco para alguns tipos de câncer, como de ovário, próstata, além de outros problemas, como a endometriose.

— Eles são considerados por muitas autoridades como disruptores endócrinos, às vezes chamados de disruptores hormonais, porque interferem nos efeitos biológicos da testosterona e do estrogênio quando introduzidos no corpo. Como a maioria dos plásticos é bastante estável, é provável que o contato com alimentos ou bebidas resulte apenas em pequenas quantidades de BPA. Entretanto, na dúvida, convém evitar — afirma Souza.

Máquinas de bronzeamento artificial

Em 2009 a Anvisa publicou uma resolução proibindo o uso e a comercialização de câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos no Brasil. Isso se deu após a publicação da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC-International Agency for Research on Cancer), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), informando que o uso de câmaras de bronzeamento artificial com lâmpadas ultravioleta (UV) é cancerígeno para humanos.

De acordo com a autoridade sanitária, os danos causados pela exposição aos raios UV-B emitidos por esses equipamentos não são percebidos imediatamente, mas se manifestam anos depois com o surgimento de células cancerosas na pele e o desenvolvimento das complicações de saúde a elas associadas.

Os perigos associados ao uso das câmaras de bronzeamento artificial incluem: câncer de pele, envelhecimento da pele, queimaduras, ferimentos cutâneos, cicatrizes, rugas, perda de elasticidade da pele, lesões oculares como fotoqueratite, inflamação da córnea e da íris, fotoconjuntivite, catarata precoce, pterigium (excrescência opaca, branca ou leitosa, fixada na córnea) e carcinoma epidérmico da conjuntiva.

Talco

A população é exposta a este tipo de substância através do uso de cosméticos. Após uma revisão completa da literatura científica disponível, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), classificou o talco como provavelmente carcinogênico para humanos com base em uma combinação de evidências limitadas, principalmente do câncer de ovário.

A categoria, chamada oficialmente de 2A, diz respeito a itens cujas evidências de relação com tumores são mais robustas entre animais, ainda que limitadas entre humanos.

O talco é um mineral natural extraído em muitas regiões do mundo. Segundo a Iarc, a decisão foi tomada com base em uma combinação de estudos parciais em seres humanos que indicou um risco aumentado, e evidências suficientes de testes em animais de laboratório.

De acordo com os especialistas, a exposição ao talco ocorre principalmente no ambiente ocupacional durante a extração, moagem ou processamento ou durante a fabricação de produtos que o contenham. Para a população em geral, a exposição ocorre por meio do uso de cosméticos e pós corporais que contenham talco.

Acrilonitrila

A agência da OMS também classificou a acrilonitrila, um composto orgânico volátil usado principalmente na produção de polímeros, como “carcinogênico para humanos”, categoria 1A.

Essa decisão se baseia em “evidências suficientes de câncer de pulmão” e “evidências limitadas” de câncer de bexiga em humanos, de acordo com a IARC.

Esses polímeros são usados em fibras para roupas, carpetes, plásticos para produtos de consumo ou peças de automóveis. A acrilonitrila também está presente na fumaça do cigarro e na poluição do ar.

Terapias hormonais para fins estéticos

O oncologista da Oncoclínicas Rio de Janeiro afirma que em casos de pessoas que não necessitam desses hormônios devido a uma questão de saúde, ou fazem uso deles sem acompanhamento com médico especialista, há maiores riscos de desenvolver câncer no fígado, por exemplo, também chamado de carcinoma hepatocelular.

Além disso, há um risco aumentado para doenças hepáticas como um todo: hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com finalidade estética, “para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo”, seja para atletas amadores ou profissionais, por não apresentar comprovação cientifica suficiente que “sustente seu benefício e a segurança do paciente”.