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Formações rochosas no mar de Santos podem abrigar espécies desconhecidas

Formações rochosas no mar de Santos podem abrigar espécies desconhecidas

No estado de São Paulo, o fundo do mar de Santos esconde grandes formações rochosas de 4 a 11 quilômetros de extensão, segundo estudo liderado por pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A expectativa é que essas estruturas, pouco exploradas e reveladas por uma ecossonda, abriguem comunidades marinhas ainda desconhecidas.

“A partir do mapeamento de fundo localizamos estruturas com origem geológica incerta, que podem abrigar comunidades biológicas desconhecidas até o momento”, afirma José Angel Perez, pesquisador da Univali e um dos autores do estudo, para a Agência Bori.

Publicado na revista científica Ocean and Coastal Resarch, o estudo é fruto de uma expedição que percorreu a costa de Santos por 17 dias, no final do ano passado. Os pesquisadores estavam a bordo do navio Vital de Oliveira, operado pela Marinha do Brasil.

Primeiros achados de Santos

Diferente de outras regiões do país, a zona costeira de Santos é altamente impactada pela ação humana. “Por mais de cinco décadas, a região concentrou a maior parte das atividades brasileiras de pesca e exploração de petróleo e gás”, pontuam os pesquisadores no artigo.

Além disso, a região “faz parte de um importante ‘hotspot’ marinho, ou seja, uma região em que as temperaturas do mar aumentaram em taxas acima da média do Oceano Atlântico devido aos efeitos das alterações climáticas globais”, acrescentam os autores.

Através da expedição, foi possível ver o impacto provocado pela atividade humana, como as marcas no fundo do mar deixadas pela pesca de arrasto, feita com grandes redes que são “arrastadas” pelo mar — a prática cessou apenas em 2009.

“Com a ecossonda, localizamos os impactos da pesca no local, com muita precisão. Essas marcas podem permitir estimativas sobre quanto tempo o ecossistema leva para se recompor”, comenta o cientista Perez.

Criaturas marinhas

Em paralelo, os pesquisadores buscam descobrir quais são as criaturas marinhas mais comuns na região de Santos. A seguir, veja imagens captadas pela equipe:

Expedição em Santos revela grandes formações rochosas e criaturas marinhas (Imagem: Perez et al., 2023/Ocean and Coastal Resarch)
Expedição em Santos revela grandes formações rochosas e criaturas marinhas (Imagem: Perez et al., 2023/Ocean and Coastal Resarch)

Nesta primeira expedição, além de inúmeros fragmentos de corais, foi possível identificar, em áreas com 800 metros de profundidade, camarões da família Aristeidae (B), anêmonas (D e F), esponjas-do-mar (D e F) e peixes da ordem Ophidiiformes (E).

Além disso, “a exploração de novas ferramentas, como o eDNA [DNA ambiental], oferecerá uma linha de base mais completa da biodiversidade dos ecossistemas sedimentares da Bacia de Santos e poderá até oferecer novos registros biológicos para a área”, pontuam os autores.

Explorando o Oceano Atlântico

Vale explicar que a expedição é parte do projeto internacional iAtlantic, que busca coletar dados em diferentes pontos do oceano Atlântico Sul. Posteriormente, as descobertas serão comparadas com as da porção norte.

“Entender o que temos em comum entre o Atlântico Norte e Sul e, também, as particularidades de seus ecossistemas é essencial para construirmos soluções coletivas de preservação dos oceanos”, completa Perez.