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Ficar apenas uma noite sem dormir já reduz tempo de vida, diz estudo

Ficar apenas uma noite sem dormir já reduz tempo de vida, diz estudo

É comum escutar que os dias deveriam conter mais horas do que as postuladas 24. A cada dia que passa, o tempo parece mais escasso e as responsabilidades, mais volumosas. Para dar conta de tudo, abre-se mão da qualidade do sono: só no Brasil, cerca de 66% das pessoas dormem mal. Mas, além de comprometer a retenção de informações e memórias, e causar irritabilidade e cansaço, uma pesquisa publicada no Journal of Neuroscience, mostra que a prática pode também desencadear sérios problemas no cérebro — e até envelhecê-lo.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Alemanha, Suíça e Dinamarca. Segundo o jornal britânico The Mirror, como parte do estudo, os cientistas analisaram os dados de imagens de ressonância magnética de 134 pessoas saudáveis, com idade entre 19 e 39 anos, cujas condições de sono eram variadas.

Foram analisadas três condições de sono: a privação total, ou seja, 24 horas totalmente acordado; a privação parcial, com três horas de sono por noite; e a privação crônica, incluindo dormir cinco horas por noite durante cinco noites seguidas. Também foi analisado um grupo controlado, no qual os participantes alcançavam oito horas de sono por noite. Além disso, as pessoas de cada grupo tiveram, pelo menos uma noite de um “sono basal”, na qual dormiram por oito horas. Os cérebros dos participantes foram analisados todas as noites, com a idade aparente do cérebro calculada.

Os pesquisadores perceberam que o grupo com privação total de sono teve um envelhecimento do cérebro em dois anos. O estudo revelou também que, em contraste, não houve mudança significativa no envelhecimento cerebral entre o grupo grave, que dormia três horas por noite, e o grupo com restrição parcial crônica do sono, que dormia por cinco horas em cinco noites seguidas. Mas, quando analisados juntos, o resultado é claro:

“A convergência de resultados mostrou indicativos de que a falta total aguda de sono muda a morfologia do cérebro em uma direção semelhante ao envelhecimento em participantes mais jovens. Em três estudos independentes, nós consistentemente encontramos aumento do envelhecimento do cérebro depois de horas de privação total do sono, que foi associada à mudança nas variáveis do sono”, explicam os pesquisadores ao jornal britânico.

Apesar disso, é possível reverter o quadro de maneira simples: dormindo. Os cientistas mostram que as mudanças são reversíveis com sonos restauradores, com a idade do cérebro voltando ao seu parâmetro após uma boa noite de sono.

Para os pesquisadores, o estudo é fundamental para fornecer novas evidências para explicar o efeito da falta de sono em todo o cérebro em direção ao envelhecimento e concluem que “dormir é fundamental para que os seres humanos mantenham as funções físicas e psicológicas normais”. Outras pesquisas são necessárias para explorar os efeitos a longo prazo da privação crônica do sono.