EUA embrulham maior árvore do mundo, ameaçada por incêndio
Enquanto incêndios florestais avançam na Califórnia, sequoias de parque nacional recebem coberturas especiais resistentes a fogo. Entre elas está General Sherman, considerada a árvore mais volumosa do mundo.
O incêndio florestal que atinge há dias a Califórnia tem avançado em direção ao Parque Nacional da Sequoia, uma reserva natural cerca de 350 quilômetros ao norte de Los Angeles. O parque é famoso por abrigar a chamada Floresta Gigante, um bosque com cerca de 2 mil árvores maciças.
Uma dessas sequoias, apelidada de General Sherman, foi classificada no livro dos recordes, o Guinness, como a árvore mais volumosa do mundo – seu tronco possui um volume estimado de 1.487 metros cúbicos e uma circunferência de 31 metros. Sua idade é estimada entre 2.300 e 2.700 anos.
A fim de evitar um desastre, a General Sherman, algumas outras sequoias, o Museu da Floresta Gigante e outros edifícios do parque foram embrulhados com cobertores especiais resistentes ao fogo nesta sexta-feira (17/09), segundo comunicado do corpo de bombeiros local.
A medida visa proteger as árvores e a estrutura contra a possibilidade de chamas intensas na reserva natural, localizada na acidentada Sierra Nevada.
O cobertor de alumínio pode resistir ao calor intenso por curtos períodos. Autoridades federais americanas afirmaram que usam o material há vários anos em todo o oeste dos Estados Unidos para proteger estruturas sensíveis a chamas.
Algumas casas embrulhadas com o material protetor perto do Lago Tahoe, no norte da Califórnia, na divisa com Nevada, resistiram a um recente incêndio florestal – outras moradias nas proximidades foram completamente destruídas.
Esperava-se que um dos dois focos de incêndio ativos no Parque Nacional da Sequoia alcançasse a Floresta Gigante na quinta-feira. Mas o incêndio acabou não aumentando significativamente, pois uma camada de fumaça reduziu a propagação das chamas.
Queimas para proteger contra queimadas
Além dos cobertores de alumínio, o corpo de bombeiros e as autoridades florestais esperam que uma outra estratégia ajude na proteção das árvores milenares.
Há cinco décadas são realizadas queimas controladas na região – incêndios propositais para remover outras árvores e vegetação que poderiam alimentar incêndios florestais. A medida visa diminuir a probabilidade de que chamas cheguem ao bosque da Floresta Gigante.
“Um histórico robusto de queimas controladas naquela área é motivo para otimismo”, disse a porta-voz dos bombeiros, Rebecca Paterson. “Esperamos que a Floresta Gigante saia ilesa.”
Mudanças climáticas
As sequoias-gigantes (também chamadas de árvores-mamutes) são adaptadas ao fogo e prosperam com as chamas, pois ajudam a liberar sementes dos cones e criam clareiras que permitem o crescimento de novas sequoias. Mas a extraordinária intensidade dos incêndios recentes pode sobrecarregar as sequoias.
Foi o caso no ano passado, quando um outro incêndio florestal na região da Sierra Nevada matou milhares de sequoias – estudos estimam entre 7.500 e 10.600 árvores. Algumas eram tão altas quanto arranha-céus e viviam há milhares de anos.
Uma seca histórica e ondas de calor associadas à mudança climática aumentaram a dificuldade de se combater incêndios florestais no oeste americano. Cientistas afirmam que a mudança climática tornou a região muito mais quente e seca nos últimos 30 anos e preveem incêndios florestais mais frequentes e destrutivos.
pv/ek (AP, AFP)