Especialistas alertam sobre uso de medicamentos nocivos durante amamentação
Carlos Roberto de Medeiros e Eliane Gil Rodrigues de Castro, ambos do Ceatox, explicam a classificação de substâncias e os riscos de intoxicação pelo recém-nascido em período de amamentação
O Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo orienta sobre o uso de medicamentos durante o aleitamento materno. Carlos Roberto de Medeiros, gerente médico do Ceatox, e Eliane Gil Rodrigues de Castro, farmacêutica do centro e assistente toxicológica, comentam ao Jornal da USP no Ar 1° Edição sobre as condições relacionadas à excreção de substância no leite materno e os riscos de intoxicação para a criança.
De acordo com Medeiros, a suspensão do uso de medicamentos durante o período de gestação deve permanecer após o parto e durante a amamentação, quando possível. “Eventuais medicamentos podem ser secretados através do leite e gerar problemas ao recém-nascido”, explica. Eliane complementa ao destacar que substâncias específicas e as condições clínicas das crianças, como prematuros ou neonatos, são agravantes e fatores que aumentam as chances de intoxicação pela criança. “É necessário um acompanhamento por um pediatra para que se evitem efeitos adversos e danos à saúde do bebê”, destaca.
Os especialistas ainda explicam que cada caso deve ser individualizado e acompanhado por um profissional médico. Eliana destaca que 90% das mães em período de pós-parto já utilizam ao menos um medicamento, principalmente quando o medicamente é necessário neste período. “Não dá para falar que, por ser perigoso, não se pode usar, isso precisa ser avaliado e acompanhado por médico. Eventualmente, alguns medicamentos são potencialmente mais nocivos e o que indica isso é uma classificação de quais substâncias precisam ser manipuladas com maior cautela”, explica.
Medeiros diz que os medicamentos podem ser classificados entre os que são cientificamente comprovados como não nocivos, chamados de compatíveis, e os que não se tem comprovação, mas que a ocorrência de efeitos são mínimas, chamados de provavelmente compatíveis. Outra classificação é entre os medicamentos que podem gerar maiores riscos ao lactente e para a produção láctea. “São os chamados possivelmente perigosos e os perigosos, em que as chances são significativas na ocorrência de intoxicação”, diz. Ele ainda explica que alguns dos principais problemas acontecem durante o processo de prescrição dos medicamentos e na própria bula do medicamento, que muitas vezes é contraditória com a classificação das substâncias.