Anchor Deezer Spotify

Entenda a importância de educar sem violência, mesmo nos momentos de birra

Entenda a importância de educar sem violência, mesmo nos momentos de birra

Mesmo nos momentos de birra, os pais devem tratar os filhos com carinho e ensiná-los como lidar com as emoções, sem gritar ou punir

É claro que o afeto continua sendo essencial ao longo da infância (e por toda a vida, não é mesmo?), especialmente nos momentos mais difíceis. Quando tinha 2 anos, João avançou raivosamente em direção ao pai, o escritor e ilustrador Renato Moriconi, durante um ataque de birra. “Tínhamos voltado de viagem e, como ele dormiu durante o trajeto, ficou chateado ao acordar em casa. Por isso, eu o segurei com firmeza e expliquei: ‘Filho, isso que você está sentindo é saudade´”, recorda Moriconi. João o abraçou e parou de chorar.

“Foi como se eu tivesse tirado um peso das costas dele”, completa o pai do menino, hoje com 6 anos. Moriconi acredita que o diálogo tem um poder mágico — e essa experiência foi marcante porque lhe mostrou o quanto a comunicação empática (ou seja, compreender a perspectiva do outro) funciona de fato.

“Assim como ensinamos aos nossos filhos os nomes dos objetos, temos de mostrar a eles como se chamam os sentimentos”, exemplifica a psicanalista e educadora parental Elisama Santos, autora do livro “Por que gritamos?” (Editora Paz & Terra), entre outros, e colunista da CRESCER. Para Elisama, esse é o primeiro passo para a criança conseguir lidar com as próprias emoções. “Senão, do que adianta um jovem com um currículo avantajado, se ele não consegue superar o término de um namoro ou de um projeto que não foi para a frente?”, questiona.

Importante ressaltar que o desenvolvimento emocional e intelectual caminham junto, pois temos mais dificuldade para aprender qualquer coisa sob estresse — momento em que o cérebro foca apenas na sobrevivência, ou seja, em lutar ou correr. Mas os adultos não podem esquecer de prestar atenção à própria saúde mental, até mesmo para pedir desculpas aos filhos quando necessário. “É uma ilusão acreditar que, para cuidar de uma criança, devemos estar bem 100% do tempo. Dias ruins acontecem, e os pequenos precisam aprender isso”, reflete a psicanalista.