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Energia solar vira alternativa para a agricultura familiar no Rio Grande do Norte

Energia solar vira alternativa para a agricultura familiar no Rio Grande do Norte

Carlos Antônio Ferreira de Araújo, agricultor familiar do município de Vera Cruz, adquiriu o sistema de energia solar para manter a irrigação. São as culturas de batata, milho, feijão, macaxeira e inhame. Através do projeto de crédito elaborado pela Emater-RN e contratado pelo Banco do Nordeste, Carlos Antônio consegue gerar, por meio de 216 placas fotovoltaicas, 11.500 kwatts por mês.

O agricultor familiar antes desembolsava por mês uma média de R$ 9 mil com energia elétrica. “Hoje pago cerca de R$ 3 mil de prestação ao banco, uma economia de até R$ 6 mil”, comemora.

Carlos Antônio financiou R$ 240 mil durante nove anos e conseguirá manter, com economia e produtividade, uma área de 50 hectares. Ele comercializa sua produção para mercados de Natal e de Campina Grande. “A energia solar foi um incentivo muito importante para a gente da agricultura familiar, pois a energia elétrica está aumentando muito”, ponderou.

A realidade do agricultor familiar de Vera Cruz, aos poucos, está se tornando a mesma de outros no Rio Grande do Norte. Atualmente, são 13 projetos de energia solar para irrigação contratados pela Emater, concentrados em sua maioria em Vera Cruz, mas também em Santa Cruz e Baraúna. A expectativa é que esses números cresçam ainda mais.

De acordo com o técnico local da Emater em Vera Cruz, Juarez Damasceno, outros seis agricultores familiares estão investindo em energia solar para irrigação, além de sete outros que possuem casas de farinha e estão recorrendo à energia limpa após obterem, recentemente, licenciamento ambiental no município.

“O potencial aqui em Vera Cruz é grande e estamos incentivando os agricultores a investirem nessa fonte de energia. Para eles é algo ainda novo, mas percebemos uma aceitação maior quando explicamos a relação do que eles estão pagando atualmente e o que podem pagar com a energia solar, quando terminarem o empréstimo”, disse Damasceno.

Alternativa em crescimento

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), nos últimos dois anos foram instalados 441 sistemas de geração de energia fotovoltaica no meio rural potiguar.

De acordo com o diretor-geral da Emater-RN, Cesar Oliveira, o trabalho que o Governo do Estado realiza, por intermédio da instituição e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf-RN), em parceria com as prefeituras e bancos, é fundamental para que os agricultores e agricultoras tenham acesso a uma tecnologia limpa, seja no uso da irrigação, em empreendimentos como casas de farinha, entre outros.

“Os custos com energia elétrica subiram de forma assustadora no Brasil no período recente. Com a implantação da energia solar, os agricultores e agricultoras terão oportunidade de reduzir seus custos de produção, utilizar tecnologia limpa e produzir alimentos saudáveis com mais qualidade”, considerou Cesar Oliveira.

Lei garante direitos

Outro argumento utilizado para estimular novos investimentos em energia solar é a Lei nº 14.300/2022, de 7 de janeiro, que estabelece o Marco Legal da Geração Distribuída e institui a cobrança com os custos de distribuição dessa fonte energética para quem a produz. Porém, aqueles que realizarem o investimento até 6 de janeiro de 2023, estarão isentos da cobrança de taxas até 2045, segundo a legislação.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que o Brasil ultrapassou em março de 2022 a marca de 10 gigawatts (GW) de potência instalada em micro e minigeração distribuída de energia elétrica, aquela que é gerada pelos próprios consumidores. Essa quantidade é o bastante para abastecer aproximadamente 5 milhões de unidades residenciais brasileiras, ou seja, para atender quase 20 milhões de pessoas.

Entre os fatores que provocaram o aumento da procura por energia solar, o recente aumento da tarifa de energia elétrica, decorrente da crise hídrica, além da disponibilização de financiamento específico para a aquisição de equipamentos e instalação dos sistemas fotovoltaicos nos empreendimentos rurais.

Segundo informações do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), agricultores familiares e produtores rurais podem acessar financiamentos rurais com taxas a partir de 3% ao ano, através do Pronaf Bioeconomia ou FNE Sol para produtor rural, respectivamente.