Dormir bem entra na lista de hábitos saudáveis para prevenir doenças do coração
Insônia e noites mal dormidas estão associadas ao aumento da hipertensão arterial e ao aumento de fatores como a glicose inadequada do sangue. Especialistas fazem alertas.
A lista de hábitos que previnem doenças do coração ganhou um novo item.
O aposentado Paulo de Oliveira Machado foi diagnosticado com apneia, uma síndrome que provoca falta de ar e sucessivas interrupções do sono.
“Eu demorava para dormir, eu acordava de madrugada, eu acordava às vezes 3h, 4h da manhã e não dormia mais”, relembra Paulo.
Ele só buscou ajuda porque tinha receio de que as noites ruins fossem gatilho para problemas do coração, como o infarto que levou o pai dele.
“Essa dificuldade que eu tinha para respirar, as apneias que eu estava tendo, também podem causar problemas parecido com o que ele estava tendo, sabe?”, aponta Paulo.
As conclusões mais recentes dos especialistas confirmam que as noites em claro elevam o perigo de doenças cardíacas. A qualidade do sono passou, inclusive, a integrar uma lista de fatores de risco para problemas do coração e do cérebro. A última atualização desta lista, da Associação Americana do Coração, havia sido feita 12 anos atrás.
Noites mal dormidas podem alterar a produção de cortisol. O hormônio ajuda a controlar o estresse, diminuir inflamações e, também, regula funções importante do corpo como metabolismo e sistema imunológico. Com o aumento dos níveis desse hormônio, o organismo se desregula ameaçando a saúde do coração.
“Um sono inadequado está já comprovadamente associado ao aumento da hipertensão arterial, ao aumento de fatores como a glicose inadequada do sangue, ou seja, descontrole do diabetes, controle inadequado do colesterol e, por outras vezes, relacionado a arritmias cardíacas e outras doenças cardiovasculares”, explica o cardiologista Rafael Luis Marchetti.
Por isso, uma boa noite de sono passou a incluir a lista de hábitos amigos do coração.
“O sono passa a ser o objetivo, o escopo da consulta médica. Como a gente pergunta para o paciente se faz atividade física, se tem hábito ou não do tabagismo, se trata já de alguma doença, como hipertensão, diabetes, eu tenho que perguntar hoje se ele dorme bem e se a qualidade do sono está adequada”, diz o cardiologista Rafael Luis Marchetti.
Para uma boa noite de sono, os médicos aconselham desacelerar, evitar alimentos e bebidas estimulantes.
“O ato de dormir não é algo passivo, é um ato ativo. Você tem que se programar para ir dormir. A gente fala que dormir bem é um sono de qualidade, tanto por quantidade de horas e que acorde com a sensação de sono reparador, o descanso.”, diz a especialista em Medicina do Sono Carla Fabiane da Costa Zonta.
A insônia estava adoecendo a técnica de enfermagem Regina Ribeiro da Silva.
“Eu ia para a cama às 22h horas. Deitava e ficava virando…Era um esgotamento, tanto físico como emocional. Me prejudicava em tudo”, resume ela.
O remédio foi se movimentar durante o dia. Academia, dança, que oxigenaram a cabeça, acalmaram o coração e que trouxeram o sono de volta.
“O sono é assim: ele tem a capacidade de melhorar tudo em você. Você relaxa… Daí fica tudo mais fácil. O melhor de tudo é dormir. Que delícia é dormir”, diz ela aos risos.