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Doenças relacionadas ao consumo de carne vermelha aumentam no mundo, diz estudo

Doenças relacionadas ao consumo de carne vermelha aumentam no mundo, diz estudo

As taxas de registro e mortalidade de três doenças fortemente ligadas ao consumo de carne vermelha e processada – câncer colorretal, diabetes tipo 2 e doença cardíaca coronária – têm aumentado no mundo. O fenômeno está associado à maior disponibilidade e consumo desse tipo de alimento, revelou um estudo publicado na quinta-feira (18) no periódico BMJ Global Health.

Os autores responsáveis pela pesquisa, ligados a universidades de Michigan, Califórnia (ambas nos Estados Unidos) e Laxemburgo (na Áustria) se basearam em números de importação e exportação de carne da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para descobrir onde, no mundo, carnes vermelhas e processadas estavam mais disponíveis. Eles então compararam essas descobertas com os dados de saúde do projeto Global Burden of Disease.

“O aumento da ingestão de produtos de carne vermelha e processados ​​via comércio causou o aumento abrupto de doenças não transmissíveis relacionadas à dieta”, concluiu o estudo, com dados de 154 países, publicado no British Medical Journal.

Os efeitos adversos de uma dieta rica em carnes vermelhas e processadas são bem conhecidos, relatam os pesquisadores. Mas o comércio internacional desses produtos também tem impactos de longo alcance no clima, por meio das emissões de gases de efeito estufa, e da perda de biodiversidade, por meio da redução do habitat, observou o estudo.

“Poucas iniciativas internacionais e diretrizes nacionais para dietas sustentáveis ​​abordam explicitamente os impactos indiretos do comércio de carne entre os países”, disseram eles. Os autores calcularam um aumento mundial nas mortes relacionadas de quase 75% entre 1993 e 2018, com grandes variações por região geográfica.

Enquanto o aumento de mortes relacionadas nos países desenvolvidos foi estimado em 55%, a taxa de aumento nos países em desenvolvimento foi bem mais alta: 157%. “Essas taxas mais altas se devem ao fato de muitos países em desenvolvimento ao redor do mundo dependerem exponencialmente das importações de carne vermelha e processada para atender às suas demandas crescentes de carne sob a rápida urbanização e crescimento da renda”, diz o estudo.

Ao longo dos anos cobertos pelo estudo, os países em desenvolvimento expandiram as importações, enquanto os ricos expandiram as exportações, indicam os resultados. O estudo sugere que, para alcançar dietas mais saudáveis ​​e sustentáveis, o diálogo internacional deve envolver órgãos de saúde e comércio, citando a Organização Mundial do Comércio (OMC). “Os acordos comerciais regionais da OMC aceleram os fluxos de carne vermelha e processada entre os países”, disse o documento.

Por ser observacional, o estudo pode sugerir, mas não pode confirmar, a relação de causa-efeito entre o comércio de carne e doenças relacionadas à dieta.