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Documentário narrado por Luísa Mell pede fim da exportação de animais vivos

Documentário narrado por Luísa Mell pede fim da exportação de animais vivos

A cada ano, ao redor do mundo, cerca de 11 milhões de bovinos são exportados vivos para abate. Uma parte significativa (18%) desses animais é transportada em navios por longas distâncias a partir de portos localizados na Oceania e na América do Sul. Os animais passam semanas confinados em navios viajando de um continente ao outro com pouco espaço para circular e realizar necessidades básicas.

Buscando jogar luz sobre o lado obscuro dessas travessias comerciais, a ONG Mercy For Animals lançou nesta terça (26) um documentário que mostra os bastidores da exportação de animais vivos. Narrado pela ativista Luisa Mell, o filme “Exportação Vergonha” mostra imagens inéditas da investigação sobre a passagem pelo Brasil, em março de 2022, do Mawashi Express, o maior navio de transporte de animais vivos do mundo. O filme está disponível no YouTube, com legendas em inglês e espanhol. Assista o vídeo na íntegra aqui.

A produção traz entrevistas e dados para contextualizar o tema com base em um relatório investigativo produzido pela ONG, em parceria com a agência independente de jornalismo Repórter Brasil. Por ano, mais de meio milhão de animais deixam os portos do Brasil rumo ao mercado internacional como cargas vivas, em viagens que, segundo defensores da causa, prejudicam a saúde e o bem-estar físico e psicológico dos animais. O país é o segundo maior exportador de bovinos vivos por via marítima do mundo, atrás apenas da Austrália.

"Exportação vergonha": imagens inéditas de investigação sobre a passagem pelo Brasil, em março de 2022, do Mawashi Express. — Foto: Divulgação

“Exportação vergonha”: imagens inéditas de investigação sobre a passagem pelo Brasil, em março de 2022, do Mawashi Express. — Foto: Divulgação

Nos últimos anos, nove em cada dez bois exportados vivos pelo Brasil foram enviados para o Oriente Médio e o norte da África. Entre 2012 e 2021, os principais países importadores de animais vivos do Brasil foram Turquia (42,1%), Egito (13,8%), Venezuela (12,8%), Líbano (12,3%), Iraque (8,7%), Jordânia (7,1%) e Arábia Saudita (2,2%).

A jornada começa com o transporte dos animais em caminhões vindos de regiões do interior até os portos, onde viajam amontoados em média por duas a quatro semanas. Com pouco espaço para se movimentar, os animais são obrigados a deitar sobre as próprias fezes e urina. As imagens de investigações revelam práticas de abate nos países de destino como corte de tendões das pernas, perfuração dos olhos e torção do rabo para imobilizar bois com brincos de empresas brasileiras.

Trailer:

“Tem que haver uma lei que proíba a exportação de bois vivos”, relata o vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Pará, Carlos Bordalo, durante o documentário. Apenas do Porto de Vila do Conde, no Pará, saem cerca de 280 mil bois por ano em navios.

O lançamento do documentário faz parte de uma campanha mais ampla pelo fim da prática, que conta também com uma petição pública criada pela própria ativista Luisa Mell. O documento que angaria assinaturas no site Change.org busca pressionar o Congresso Nacional a aprovar um dos três projetos de lei que visam proibir, em todo o território nacional, a exportação de animais vivos para abate: o PL 357/2018, o PL 3093/2021 e o PL 3016/2021.

Vários países estudam propor a proibição da exportação de animais vivos. Em agosto do ano passado, o Reino Unido anunciou que colocaria um fim à prática. No mesmo ano, a Nova Zelândia disse que encerraria a exportação de gado por mar a partir de abril de 2023, citando preocupações com danos à reputação do país em bem-estar animal e riscos sanitários.

Luisa Mell: ativista narra documentário que denuncia condições insalubres de navios para transporte de cargas vivas.  — Foto: Divulgação

Luisa Mell: ativista narra documentário que denuncia condições insalubres de navios para transporte de cargas vivas. — Foto: Divulgação