Anchor Deezer Spotify

Desperdício de comida causará mais de US$ 1 tri de perdas econômicas

Desperdício de comida causará mais de US$ 1 tri de perdas econômicas

Frutas e legumes representam cerca de metade dos alimentos descartados a cada ano.

Estima-se que, em 2030, 2,1 bilhão de toneladas de comida serão desperdiçadas. É o que afirma o novo relatório do Boston Consulting Group, intitulado Closing the Food Waste Gap. De acordo com a publicação, essa quantidade de alimento perdida equivalerá a US$ 1,5 trilhão, enquanto mais de 840 milhões de pessoas encontram-se em situação de fragilidade alimentar. O levantamento ressalta que empresas, governos e ONGs são de grande importância para reverter essa situação. Nesse contexto, o BCG buscou entender as causas-raízes da perda e do desperdício, e identificou que a reversão destes problemas envolve fatores como as cadeias de suprimentos, colaboração público-privada, regulamentação e conscientização.

Segundo o estudo, estima-se que um terço dos alimentos do mundo é desperdiçado ou perdido anualmente. O desperdício e/ou perda de alimentos acontece quando estes não são aproveitados para consumo. Nos países de baixa e média renda, o problema é principalmente a perda – os alimentos não conseguem sair das etapas de produção e transporte. Já em países com renda mais alta, o desperdício entre varejistas e consumidores é o maior problema.

Frutas e legumes representam cerca de metade dos alimentos descartados a cada ano e, para exemplificar como ocorre esse processo, o BCG utilizou a produção de maçãs para explicar, de forma didática, esta dinâmica. Em um universo de 10 milhões de maçãs: 13% serão perdidas na produção; 6% não passam do armazenamento, manuseio e transporte; 1% é desperdiçado no processamento e embalagem; 6% se perdem durante a distribuição e varejo; 8% serão desperdiçadas pelos consumidores: mais de 3 milhões de maçãs vão para o lixo no trajeto da fazenda à mesa.

No Brasil, aproximadamente, 3% de todos os peixes pescados na Amazônia têm o lixo como destino por conta de más condições no transporte. De acordo com a organização humanitária global Action Against Hunger, “os pequenos agricultores, fazendeiros e pescadores produzem cerca de 70% do suprimento global de alimentos”, o que significa que as fontes de desperdício de alimentos são variadas e difusas.

O tratamento industrial, na fase de processar e embalar os alimentos, é outro responsável pelas perdas e desperdícios. Colheitas são separadas de forma desnecessária, e aparas de carne que podem ser consumidas, são descartadas. Regulamentos de saúde e higiene, datas de validade, falta de controle de temperatura e negligência de varejistas e restaurantes também resultam em desperdício, além do incentivo para que consumidores comprem mais alimentos do que realmente precisam, como promoções e embalagens porcionadas de forma ineficiente.

No fim da cadeia está o consumidor – que é uma fonte relevante do desperdício.

“Servir-se além do que vamos consumir, levar itens a mais no mercado, não se atentar à data de validade, entre outros pontos, são atitudes do dia a dia que que, revertida, resultam em contribuição efetiva para reduzir a crise alimentar”, comenta Arthur Ramos, diretor-executivo e sócio do BCG.

““Sabemos que o problema não está na produção – não há falta de oferta, mas a distribuição e as perdas durante a ‘viagem’ na cadeia de alimentos precisam ser revistas. Fome e desnutrição são questões urgentes, sendo que a cadeia de valor de alimentos com menos perdas e desperdícios terá uma contribuição relevante para sua redução”, finaliza o executivo.