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Desidratação e insolação são problemas comuns neste período do ano

Desidratação e insolação são problemas comuns neste período do ano

O verão ainda não começou, mas as altas temperaturas já fazem parte do dia a dia do povo paraibano. Em João Pessoa, a sensação térmica elevada começa sentida ainda nas primeiras horas da manhã. O período é convidativo para uma série de atividades e, na maioria delas, a população precisa lidar e conviver com o calor de forma harmônica e com muitos cuidados para que a diversão não se transforme em um dos muitos males que o calor excessivo pode acarretar.

O período em que as temperaturas superam os 30 graus centígrados exige de todos uma atenção redobrada com relação à saúde. Isto porque, o calor pode provocar uma maior incidência de doenças e males que são capazes de ocasionar problemas graves e até irreversíveis.

A dupla de temperatura quente e baixa umidade relativa do ar provocam o tempo seco, principal causador e agravador de problemas respiratórios, insolação, infecções na pele, mudança na pressão arterial e até infartos.

Desidratação

O principal problema ocasionado pela alta temperatura é a desidratação. O calor provoca uma perda excessiva de líquidos e sais minerais que, muitas vezes, não são repostos. Além da baixa ingestão de água e exposição ao sol, a desidratação pode ser causada por problemas de intoxicação alimentar, gerando vômitos e diarreia. Nestes casos, os sintomas mais comuns são mal-estar, fraqueza, ressecamento das mucosas dos olhos, boca e pele, diminuição da quantidade de urina e irritabilidade.

“É o mais agudo e mais fácil de acontecer, sendo crianças e idosos mais suscetíveis. As crianças porque perdem água mais ápido e se hidratando menos, já os idosos também se hidratam menos e tem uma reserva de água corpórea muito menor”, ressaltou João Rodolfo, médico.

A prevenção passa pela adequação ao período: ingestão de muito líquido, alimentos frescos e uso de roupas adequadas para a estação que possibilitem aior frescor. É indicado reduzir o período de longa exposição ao sol, preferindo sombra. Outro problema comum é a insola ção, motivada pela maior incidência e intensidade de raios solares. Desse modo, a exposição ao sol é mais constante, até mesmo em ambientes fechados, principalmente para a população que se encontra em período de férias.

A insolação ocorre devido a um distúrbio que controla a temperatura corporal devido a longa exposição ao sol, provocando dificuldade para respirar, fraqueza, mal-estar, tontura, desmaios, batimentos cardíacos acelerados, vômitos e queimaduras de pele. Os problemas, no entanto, vão além e podem causar problemas irreversíveis e fatais, nesses casos, os médicos indicam que a atenção aos sintomas seja redobrada, bem como os primeiros socorros. É indicado o uso de protetor solar, beber, no mínimo, dois litros de água por dia, e, principalmente, evitar ao máximo a longa exposição ao sol nos períodos em que os raios solares são mais intensos, das 10h às 16h.

O calor provoca também o aumento de problemas respiratórios já que o ar seco resseca as vias aéreas e mucosa nasal, permitindo que o aparelho respiratório fique mais suscetível à infecções e agravamento de patologias pré-existentes como asma, bronquite, rinite e sinusite.

Tais problemas respiratórios causam ainda irritações nos olhos, com ardência, vermelhidão, coceira e até conjuntivite alérgica. Entre as indicações para evitar o agravamento do quadro respiratório, está também a maior ingestão de líquidos, manter ambientes arejados, evitar banhos quentes e manter a pele sempre hidratada, além de evitar exercícios intensos que precisem de um esforço maior para respirar.

Cuidado contínuo com a pele

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), pelo menos 205 mil brasileiros receberam diagnóstico de câncer de pele nos últimos oito anos, sendo 32 mil registrados como óbitos em decorrência da doença, com alta probabilidade de casos subnotificados que aumentam ainda mais os números.

O câncer de pele é provocado pelo crescimento anormal das células que compõem a pele. E se manifestam de diferentes tipos, no entanto, todos eles apresentam altos percentuais de cura, em caso de diagnóstico e tratamento precoce. A causa principal é a exposição solar exagerada e desprotegida ao longo da vida, além dos episódios de queimadura solar.

Mesmo sendo um problema que atinge cada vez mais pessoas, existem perfis mais propensos para o desenvolvimento do câncer entre eles pessoas que possuem pele, cabelos e olhos claros; com histórico familiar da doença; portadores de múltiplas pintas pelo corpo; e pacientes imunossuprimidos ou transplantados.

Em dezembro, dermatologistas e médicos de todo o país alertam para os maiores cuidados e conscientização sobre o câncer de pele, marcando o mês como “dezembro laranja”.

“A exposição continuada ao sol leva ao aparecimento de manchas hipocrômicas (manchas claras) e hipercromias (manchas escuras), além do câncer de pele, em seus diversos tipos. Então a indicação é sempre usar protetor solar, mesmo que você ache que não vá se expor ao sol, porque recebe essa exposição de maneira indireta, além do calor excessivo. Roupas com proteção também são indicadas. [Para protetores,] o fator 50 ou acima é o mais indicado. Evitar ainda a exposição ao sol em horários de pico dos raios UVB (Ultraviolate B), que são mais nocivos, e UVA (Ultraviolate B), que são mais tranquilos. Os raios UVB começam a aumentar a incidência a partir das 10h da manhã até às 15h”, declarou João Rodolfo Moura. Os do tipo UVB causam queimaduras e estão mais associados ao câncer de pele.

Em caso de surgimento de sinais e sintomas suspeitos, o médico dermatologista deve ser consultado para fazer o diagnóstico precoce do quadro. Se for constatada uma lesão cancerosa, ele orientará o início do tratamento indicado para cada grau da lesão e para cada paciente. É preciso prestar a atenção em pintas que crescem, manchas que aumentam, sinais que se modificam ou feridas que não cicatrizam, pois esses são sinais que revelam um possível câncer.

Especialistas recomendam o uso de roupas claras e protetores solares com fator 50, ou acima, para proteger a pele

Micoses e infecções são frequentes

A pele também é atingida diretamente pelo excesso de calor, sendo as micoses, infecções causadas pela proliferação de fungos, os males mais frequentes. Os cuidados são para manter a pele seca, usar roupas leves e sapatos abertos para evitar a reprodução dos microorganismos que podem aparecer em dobras, como entre os dedos, axilas e virilhas, com aparecimento mais constante de vermelhidão, ressecamento da pele e coceira. Comum nas saídas para praias e piscinas, o compartilhamento de toalhas ou outros objetos pessoais são vistos de forma negativa e deve ser evitado. Nos ambientes públicos, o cuidado é para evitar andar descalço e ficar atento para o uso de áreas comuns como piscinas, banheiros e vestiários.

A circulação sanguínea também sofre com alterações durante o período, isto porque, motivado pelo período de férias e festividades, é comum que as pessoas passem mais tempo ociosas, afetando a circulação. Além disso, o calor potencializa esse efeito, já que os vasos se dilatam e o sangue passa a ficar acumulado em determinadas regiões. O efeito disso é o inchaço, por isso, a atividade física de baixa intensidade como caminhadas curtas são indicadas.

O excesso de calor provoca também a queda da pressão arterial, com sintomas de tontura, vista embaçada e desmaios. Isso porque os vasos sanguíneos se dilatam mais e, para quem sofre com pressão baixa, o sangue passa a ter dificuldade de chegar a todos os órgãos e tecidos. Para fugir disso, a receita básica é a hidratação. Manter o corpo bem hidratado irá evitar a dilatação causada pela desidratação.

Outro problema, considerado o mais grave, está relacionado com infarto e derrame. A desidratação faz com que vasos sanguíneos apertem, dificultando a passagem de sangue para os órgãos e tecidos, possibilitando pressão arterial e redução dos batimentos cardíacos, principalmente em pessoas que já apresentam comorbidades como colesterol alto, hipertensão, problemas cardiovasculares, diabetes e obesidade. Pessoas que fazem parte desse grupo devem redobrar a atenção para os sinais que o corpo apresenta, manter uma boa hidratação e alimentação leve, além de praticar caminhadas em horários mais frescos.

“Como o calor excessivo está ligado a uma exposição solar mais intensa, os cuidados principais são: se hidratar bastante, tomar muita água, sucos de frutas, água de coco, principalmente sucos não industrializados e não adoçados. Usar roupas leves, evitar longa exposição ao sol. Na alimentação, evitar alimentos muito pesados de difícil digestão. Usar protetor solar, chapéu, guardasol, o que puder usar, é importante”, firmou João Rodolfo Moura, médico de família e comunidade. Para atendimento primário, é indicado que se busque médicos que atuem na clínica geral ou medicina de família e comunidade, que são mais generalistas quanto a clínica, a não ser que sejam sintomas mais graves, onde as pessoas podem acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou levar as pessoas para Unidades de Pronto Atendimento (UPA).