Desastres naturais se multiplicam por 5 em 50 anos e matam 2 milhões
Fazendo 2 milhões de vítimas e custando ao mundo US$ 3,6 trilhões em prejuízos econômicos, desastres naturais se multiplicaram por cinco nos últimos 50 anos. Os dados estão sendo publicados nesta quarta-feira pela Organização Meteorológica Mundial, que aponta para o papel das mudanças climáticas na frequência de enchentes, secas e outros fenômenos.
Por dia, os custos médios chegam a US$ 202 milhões e 115 vidas são perdidas.
De acordo com a entidade, trata-se do maior levantamento já realizado sobre tais desastres, somando 11 mil incidentes pelo planeta entre 1979 e 2019. Se o furacão Katrina, nos EUA em 2005, foi o que mais custou em termos financeiros – US$ 163 bilhões – a seca na Etiópia no início dos anos 80 foi o evento climático que gerou o maior número de mortes: 300 mil.
Mas o que mais preocupa a entidade é que a frequência desses eventos tem aumentado de forma exponencial. Entre a década de 1970 e os últimos dez anos, o aumento foi de quase cinco vezes. Para a OMM, dois fatores explicam a tendência: uma melhor capacidade do mundo de registrar tais eventos e, acima de tudo, o impacto de mudanças climáticas.
Nos anos 70, os desastres naturais geraram perdas de US$ 175 bilhões para a economia mundial. Nos últimos dez anos, porém, esse valor atingiu a marca de US$ 1,3 trilhão.
Na América Latina, os dez maiores desastres representaram 60% do total de perdas de vidas, com 34 mil vítimas, e 38% das perdas econômicas (US$ 39.2 bilhões). Enchentes representam 90% dos piores eventos.
Há, porém, uma tendência positiva. Segundo a agência, o número médio de mortes caiu. Na década de 70, morriam por ano cerca de 50 mil pessoas por conta desses desastres. Nos últimos dez anos, a taxa caiu para 18 mil.
Um maior investimento na preparação de cidades e sistemas de alertas teriam dado resultados.
Mas, das 2 milhões de mortes nos últimos 50 anos, 91% delas foram registradas nos países pobres, o que deixa claro que o maior impacto climático é sentido justamente nas regiões do mundo que menos emitem CO2.